Mídias Sociais no Policiamento: um estudo sob a lente da prática

Curso: 

  • CDAE

Área de conhecimento: 

  • Gestão da Informação

Autor(es): 

  • Mirian Assumpção e Lima

Orientador: 

Ano: 

2018

Esta tese tem como objetivo explicar de que forma e com que finalidade as mídias sociais são empregadas no policiamento. A polícia vem utilizando estas ferramentas de TIC para aumentar sua proximidade com os cidadãos, mas a participação e o engajamento ainda são um desafio, especialmente por questões de legitimidade e confiança. Para compreender por que isso ocorre, os estudos, em sua maioria, investigam a influência das mídias sociais na relação entre a polícia e o cidadão. Esta pesquisa avança nesse campo, partindo do pressuposto de que essa compreensão pode ser ampliada se for investigada a atividade construída por meio de ações e interações entre múltiplos atores e materiais envolvidos no trabalho policial. O foco passa a ser as práticas situadas no lugar das pessoas, artefatos ou valores, o que expande as possibilidades de entender o que e como ocorre no uso. Este estudo foi desenvolvido empregando a lente da prática por meio de um estudo de caso instrumental sobre o uso das mídias sociais na Polícia Militar de Minas Gerais. As fontes de dados utilizadas foram entrevistas semiestruturadas, documentação e observação participante, analisadas por meio das técnicas de codificação e narrativa. Os resultados mostraram que as mídias sociais são empregadas no policiamento como fonte aberta de dados para o combate à criminalidade e para o fortalecimento da imagem institucional. Com base nos achados, verifica-se que, ao contrário do que a literatura reconhece, essas TIC dispersam as informações ao invés de centralizá-las, como as tecnologias anteriores. Isso pode impactar diretamente a coordenação e o controle exercidos por meio da cadeia de comando militar. Nesse sentido, estabelece-se um mecanismo de forças entre recursos (mídias sociais e smartphones) e normas (códigos penais e de ética), atuando sobre os policiais e os sentidos por eles atribuídos a essas ferramentas na prática policial. O combate à criminalidade foi a estrutura que emergiu quando os policiais informaram o uso que fazem das mídias sociais na prática policial. Outras estruturas que se relacionam com essa, e que influenciam positivamente a agência no sentido de colaboração, foram: i) comunicação interna; ii) redução de lacunas de informação; e iii) fortalecimento do espírito de corpo. Esses achados contribuem para a literatura de mídias sociais e polícia, campo de estudo ainda em construção, expandindo o conhecimento sobre aspectos como: i) as perspectivas a partir das quais o campo está se estruturando; e ii) a maneira como as fontes abertas de dados intensificam o sentido de missão e o espírito de corpo em direção às práticas reativas do policiamento tradicional. Já para a literatura sobre as abordagens baseadas em prática, demonstra como essa lente pode ser utilizada em estudos de fenômenos policiais. Também é relevante para entender como as mídias sociais podem cooperar significativamente com a comunicação interna, o que redunda em contribuições para a gestão organizacional e implementação de políticas de recursos humanos.

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