Lógicas em Negociação nas Práticas de Monitoramento e Avaliação de Organizações Híbridas: os casos de duas empresas sociais brasileiras

Curso: 

  • CMAPG

Área de conhecimento: 

  • Políticas Públicas

Autor(es): 

  • Luana Ferreira Messena dos Santos

Orientador: 

Ano: 

2018

Um corpo crescente de literatura tem investigado a emergência de empresas sociais, organizações que buscam gerar valor social, ambiental e econômico simultaneamente, mesclando características tradicionalmente vinculadas às organizações da sociedade civil com características do mundo empresarial. Compreendendo empresas sociais como organizações híbridas, essa dissertação tem como objetivo responder duas perguntas de pesquisa que buscam ampliar o conhecimento sobre esse novo tipo organizacional: a. Quais são as práticas de monitoramento e avaliação em empresas sociais? b. Como diferentes lógicas institucionais influenciam essas práticas? A revisão de literatura realizada mostrou a pertinência da perspectiva teórica institucional para explorar tanto o tema de monitoramento e avaliação quanto os desafios e tensões que emergem do hibridismo organizacional. A pesquisa estabelece diálogos com a literatura que estuda monitoramento e avaliação em empresas sociais e com a literatura que aplica a teoria de lógicas institucionais ao estudo dessas organizações. Lógicas institucionais podem ser definidas como padrões históricos de símbolos culturais e práticas materiais socialmente construídos que incluem premissas, valores e crenças pelos quais indivíduos e organizações dão sentido para suas atividades diárias, organizam o tempo e o espaço e reproduzem suas vidas e experiências (Thornton, Ocasio e Lounsbury, 2012). Partindo de uma abordagem qualitativa, utilizou-se como método de pesquisa a análise de dois estudos de caso instrumentais. Por meio da realização de entrevistas semi-estruturadas, análise documental e observações, os casos de duas empresas sociais brasileiras foram analisados. As práticas de monitoramento e avaliação foram destrinchadas à luz dos seus propósitos, características metodológicas, atores envolvidos e usos, traçando um histórico detalhado de experiências vividas. Os desafios e tensões relacionados às práticas também foram explorados e se mostraram especialmente ricos para compreensão do ambiente de pluralismo institucional que essas organizações estão imersas. Optou-se por partir dos achados e afirmações da literatura sobre a existência de uma lógica de bem-estar social e uma lógica comercial influenciando empresas sociais (Battilana e Dorado, 2010; Smith et al., 2013; Pache e Santos, 2013; Mair, Mayer e Lutz, 2015; Nicholls e Huybrechts, 2016; Maibom e Smith, 2016). Os resultados da pesquisa mostram como os membros das organizações estudadas combinam ambas as lógicas em determinados elementos organizacionais e como as experiências e as práticas de monitoramento e avaliação são marcadas, especialmente, por estratégias de negociação e adaptação frente à diferentes prescrições institucionais.

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