Curso:
- CDAE
Área de conhecimento:
- Finanças e Contabilidade
Autor(es):
- Marcio Fernandes Gabrielli
Orientador:
Ano:
Este trabalho analisou os motivos que levam empresas brasileiras a realizarem emissões de títulos de dívida no mercado internacional. Para tanto, utilizou-se a lei que estabeleceu a taxação sobre os derivativos cambiais (anunciada em 26/07/2011, implementada em 16/09/2011 e revogada em 12/06/2013), vigente durante o período do então Ministro da Fazenda Guido Mantega, como um evento quase-natural para analisar se a probabilidade de emissão no mercado internacional é afetada por uma medida governamental. Constatou-se uma redução na probabilidade de emissão de bônus por empresas brasileiras no mercado internacional durante a vigência da lei, ao passo que se constatou um aumento desta probabilidade para emissões no mercado interno, sugerindo um efeito de substituição. Este efeito estaria ligado ao fato de que a taxação dos derivativos cambiais teria gerado uma quebra da paridade coberta das taxas de juros, pois o custo de emissão no mercado nacional teria ficado mais baixo do que o custo no mercado internacional quando computado o valor do hedge cambial. Este efeito foi evidenciado de forma mais clara ao se constatar que ele afetou de forma diferente empresas que apresentavam exposições distintas em relação à variação cambial. Empresas exportadoras líquidas, para as quais a dívida em moeda estrangeira funcionaria com o hedge natural de suas operações, foram menos afetadas que as empresa importadoras líquidas, as quais necessitariam realizar o hedge cambial de suas dívidas em outras moedas, para não incorrerem em uma maior exposição cambial. Desta forma, foi possível evidenciar que as empresas agem na direção de captar recursos no mercado que lhes possibilite o menor custo final de captação, buscando 'janelas de oportunidade' entre os mercados local e internacional – já incorporado o valor do hedge para eliminação dos riscos cambiais – para decidir onde emitir seus títulos de dívida. Estes resultados também possibilitam argumentar que o governo foi capaz de influenciar a decisão de financiamento – uma tomada de decisão interna das empresas a respeito da emissão de dívida no mercado local ou internacional – assim como afetar o seu (delas) custo de captação e consequentemente seu custo de capital.