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[INTRODUÇÃO] O Cinema Brasileiro se encontra em um período de transição, deixando de ser uma atividade artesanal para ganhar características de processo industrial. Significativamente, no plano federal os assuntos relacionados a cinema (de longa-metragem) foram transferidos do Ministério da Cultura para o Ministério da Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior. Esta mudança reflete o reconhecimento da importância econômica e do potencial da indústria cinematográfica no Brasil. Paralelamente, sua cadeia produtiva passa por acelerado processo de reorganização e consolidação. O objetivo deste trabalho é identificar e analisar a cadeia de produção cinematográfica no Brasil, ressaltando pontos de atenção a possibilidades de desenvolvimento. Dessa maneira, procura-se explicar os diversos passos, desde a geração do argumento e do roteiro até a chegada à tela da sala de cinema ou de outras mídias como TV paga ou TV aberta. [METODOLOGIA] O estudo busca realizar um diagnóstico do processo produtivo da indústria cinematográfica brasileira a partir de dois referenciais teóricos: o conceito de supply chain management (SCM), relacionado à visão logística, e os modelos de competitividade associados à idéia de estratégia competitiva, formulada por Michael Porter. Adicionalmente, informações relacionadas à indústria cinematográfica norte-americana foram utilizadas com o objetivo de estabelecer paralelos. Foi realizada uma pesquisa bibliográfica sobre o tema tratado e uma pesquisa de campo, na qual foram realizadas entrevistas semi-estruturadas. Tais entrevistas foram realizadas com representantes dos vários elos do processo produtivo de filmes nacionais recentes. [RESULTADOS] Constatou-se que a cadeia produtiva de um filme é composta por seis fases: (1) desenvolvimento, (2) pré-produção, (3) produção, (4) pós-produção, (5) distribuição e (6) exibição. O mercado é formado por diversas pequenas produtoras. Conseqüentemente, a escala de produção é pequena e a movimentação de capital é limitada. Assim, a produção é muito esporádica, não havendo continuidade produtiva. Assim, a indústria cinematográfica brasileira não é auto-suficiente, sendo subsidiada pelo Estado por meio de incentivos fiscais. [CONCLUSÃO] A indústria cinematográfica brasileira é uma indústria emergente e conta com potencial para crescer. Porém, a sua consolidação ainda não foi alcançada, seja por motivos políticos ou por motivos econômicos. Com isso, ciclos de crise se sucedem sendo o último momento crítico quando o Presidente Fernando Collor extinguiu o Ministério da Cultura e todos os órgãos ligados à atividade. Quando, no governo posterior, a atividade voltou a receber incentivos governamentais para voltar a produzir, toda a sua estrutura tinha se perdido. De forma geral, existem similaridades entre o modelo cinematográfico americano e o brasileiro. Nossos executivos e profissionais do cinema tendem a adotar o modelo norte-americano como referência. Por outro lado, como as realidades econômicas, culturais e sociais de cada país são muito diferentes, tal importação (do modelo produtivo) implica em diversos problemas e falhas. Percebendo isso, os agentes da indústria ensaiam a construção de um modelo adequado para a economia brasileira.