HERDEIRO OU EMPREENDEDOR? QUEM É EMPRESÁRIO NO IDEÁRIO BRASILEIRO - UMA PERSPECTIVA A PARTIR DAS TELENOVELAS.

Autor(es): 

Ana Carolina Lomonaco de Azevedo Trapp - Orientador: Prof. Gustavo Andrey de Almeida Lopes Fernandes

Ano: 

2017

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] A partir da compreensão do conceito de cultura como conjunto de regras heurísticas que influenciam o comportamento dos indivíduos, esse estudo escolheu as telenovelas, dentre outras formas de difusão de modelos sociais, como objeto de estudo. Tendo em vista a sua importância no cotidiano dos brasileiros, acredita-se que os modelos de comportamento representandos nas telenovelas exercem significativa influência na organização da sociedade. Assim, procurou-se identificar a representação da classe empresária nas telenovelas e a sua relação com o desenvolvimento do perfil do empresariado brasileiro. Dessa forma, pretende-se responder se seria possível enxergar, sob a ótica das telenovelas, quem forma, na sociedade brasileira, a classe empresarial. Assim, este trabalho buscou identificar em cada um dos enredos a personagem que melhor representa o ato de produzir, analisando sua origem, sua fonte de renda, suas características sociais e econômicas, além da sua própria personalidade. [METODOLOGIA]. Para isso, selecionou-se as 20 últimas telenovelas das 20h:00m da Rede Globo de Televisão e assistiu-se o primeiro e o segundo capítulo de cada uma delas para analisar o perfil das suas personagens e a organização das suas fontes de renda. A partir desse procedimento, classificou-se as telenovelas de acordo com os critérios estabelecidos, a saber: perfil da personagem, origem do negócio, setor do negócio, tipo de propriedade e gestão. Essa classificação permitiu a identificação dos modelos sociais que são retratados no imaginário das novelas. [RESULTADOS] Como resultado, identificou-se um padrão de personagens e empresas, bem como 5 modelos sociais principais. O primeiro deles é o do self-made man, interpretado, por exemplo, por Maria do Carmo, na novela Senhora do Destino. O segundo modelo diz respeito aos personagens rentistas, ou seja, que vivem com os benefícios gerados pelo acúmulo de riquezas da sua família, como é o caso de Tereza Cristina, em Fina Estampa. As empresas familiares e profissionais fazem parte do terceiro modelo, que é encontrado em diversas telenovelas. O quarto modelo diz respeito ao apadrinhamento de personagens de classes sociais mais baixas por parte da elite da telenovela. Por fim, o último modelo trabalhado é o da personagem Monalisa, de Avenida Brasil, que apresenta perfil empreendedor e inovador, combinação com pouquíssima representação no quadro geral analisado. [CONCLUSÃO] Ao contrário da hipótese inicial, identificou-se que na maioria dos casos estudados há representação de personagens empreendedores que gerem empresas familiares. Dessa forma, notou-se que as telenovelas reforçam o perfil do empresário empreendedor, mas possuem pouca representação de inovação na gestão e no próprio setor econômico das empresas retratadas.

Departamento: 

GEP

Anexos: