CICLOS DE NEGÓCIOS E BOLSA DE VALORES

Autor(es): 

Denise Tilkian Heer - Orientador: Prof. William Eid Jr.

Ano: 

2008

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] O trabalho procura estudar a relação entre Ciclos de Negócios e Bolsa de Valores no mercado brasileiro em um cenário de recente expansão do mercado acionário nacional e de seu crescente papel tanto como financiador de empresas como veículo de investimentos. Adotamos como definição de Ciclos de Negócios a combinação de “booms” e recessões, os declínios e reviravoltas da economia, bem como os fluxos da atividade econômica. [METODOLOGIA] A metodologia do trabalho foi dividida em duas partes. A primeira teve como objetivo a construção do ciclo. Para isso, utilizou-se o Filtro de Hodrick-Prescott, como em Hodrick e Prescott (1997). Já a segunda parte, buscou estabelecer a relação entre os ciclos e a Bolsa de Valores através de regressões lineares e de um teste de sinais não-paramétrico. Em ambas as etapas utilizamos dados mensais coletados entre junho de 1994 e junho de 2008. O ciclo foi construído com base no Nível de Utilização da Capacidade Instalada, divulgado mensalmente pela FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) – NUCI-FIESP. Já para o estudo das flutuações da Bolsa de Valores utilizamos como variável o Ibovespa. [RESULTADOS] Ao realizar uma regressão linear entre o Ciclo e a Bolsa, notamos que o Ciclo não parece ser um bom fator para explicar as variações no Ibovespa (o R-quadrado obtido na regressão está próximo de zero). Ao expurgarmos da amostra períodos de crises mundiais e de acontecimentos político-econômicos, no Brasil chegamos a um R-quadrado consideravelmente maior do que o obtido anteriormente, no entanto, este continua próximo de zero, o que nos mostra que o Ciclo ainda não parece ser um bom fator para explicar as variações no Ibovespa. Cabe ressaltar, no entanto, que ao analisarmos sub-períodos anuais da amostra considerada nota-se que o R-quadrado da regressão varia bastante de um ano para o outro. Obtém-se um R-quadrado de quase 25%, em 2005 (período de maior estabilidade do Ibovespa, quando comparado à série como um todo) e de 0,0003%, em 2001 (período de crises caracterizado por grandes flutuações). Quanto à análise do Teste de Sinais não-paramétrico, em relação à maioria das observações, não se pode afirmar que o crescimento do Ibovespa e o Ciclo de Negócios apresentam, simultaneamente, em um mesmo período, sinais iguais (os dois estão em crescimento, ou os dois estão em declínio). Percebe-se, portanto, que não há indícios de que as duas variáveis “caminhem juntas”. [CONCLUSÃO] Conclui-se, portanto, que, ao contrário do que alguns estudos internacionais indicam, no Brasil, os Ciclos de Negócios e a Bolsa de Valores não parecem guardar uma forte relação entre si. As conclusões obtidas por Marcelle Chauvet, em Chauvet (1999) de que o Mercado de Ações parece ser um bom indicador para se prever alterações econômicas, nos EUA e por William Schwert, em Schwert (1989) de que os preços das ações são importantes indicadores de Ciclos de Negócios não parecem ter aplicabilidade no Brasil.

Departamento: 

CFC

Anexos: