O Impacto das Catástrofes Naturais nas Cadeias de Suprimentos

Autor(es): 

Priscila Laczynski de Souza Miguel e Renata Peregrino Brito

Ano: 

2014

Pesquisa em foco: Gestão de risco de desastres naturais no Brasil

Nas estiagens, agricultura e pecuária são os setores mais afetados e, nas inundações e enchentes, as áreas de turismo, agricultura e logística sofrem maiores prejuízos.

Objetivo: Analisar como desastres naturais impactam cadeias de suprimentos e quais as respostas e adaptações que são desenvolvidas no Brasil.

Raio X da pesquisa

• Análise de anuários de desastres naturais no Brasil e no mundo entre os anos de 2003 e 2013.
• Comparação com relatórios do IBGE sobre a avaliação dos municípios dos desastres naturais sobre os impactos e os planos de gestão de risco.
• Avaliação de 534 notícias.

Resultados

• O número de eventos no Brasil tem crescido desde 2007. O país sofre com eventos de curta duração como inundações e enchentes, principalmente nas regiões sul e sudeste e também com estiagens nas regiões nordeste e sul por períodos prolongados. Foi possível identificar que, em termos de curta duração, os principais eventos foram as enchentes em Santa Catarina em 2008 e região serrana do Rio de Janeiro em 2011. Quanto à estiagem, a região nordeste enfrentou o fenômeno em duas ocasiões (2007/2008 e 2012/2013) e o sul do país sofreu com seca entre 2008 e 2009.
• As operações humanitárias no Brasil são essencialmente realizadas pelo governo (federal e estadual), representado pela Defesa Civil. Há uma forte atuação durante a ocorrência do desastre, porém poucas são as ações de mitigação ou recuperação.
• As principais cadeias afetadas são a agricultura (soja, milho, feijão e arroz) e pecuária (carne e leite) no caso de estiagem. A quebra de safra e a redução de produção são amplificadas ao longo da cadeia, com problemas de abastecimento, aumento de custo, aumento da inflação e reflexos no desempenho financeiro das empresas.
• No caso de inundações/enchentes, o impacto direto sobre as atividades de cadeias de suprimentos aparece pouco, com destaque para turismo (cinco reportagens) e agricultura (14 casos). Porém, podem-se inferir efeitos indiretos pelos danos à infraestrutura logística (rodovias e pontes danificadas, portos e aeroportos com operações suspensas), que apareceram em 9% de notícias. Destacam-se, aqui, os eventos do verão de 2004 em todo o Brasil, que resultaram em prejuízos a 40% da malha rodoviária federal e 12 mil quilômetros de estradas estaduais, e os temporais de Santa Catarina em 2008, que afetaram a operação do porto de Itajaí.

O que há de novo

• A literatura internacional sobre o tema tem estudado as operações humanitárias, mas o impacto para as organizações e cadeias de suprimentos é ainda pouco conhecido. O estudo permitiu identificar as cadeias que mais sofreram, e os impactos direitos e indiretos.
• Destaca-se o papel do Estado como praticamente o único agente atuando nas operações humanitárias no país, mesmo sendo o Brasil o oitavo país em termos de número de eventos reportados.

Fale com a professora Priscila Laczynski de Souza Miguel.   

Conheça as pesquisas realizadas pela professora Priscila Laczynski de Souza Miguel.