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Artigo em foco: Exchange Traded Funds versus Fundos Indexados no Brasil
No início dos anos 1990, surgiu uma modalidade de investimento que revolucionou o mercado financeiro. Espelhados em índices, com cotas negociadas em bolsas de valores da mesma forma que as ações, os Exchange Traded Funds (ETFs), ou Fundos de Índices, vêm alcançando um peso cada vez mais importante. Em fevereiro de 2012, já existiam mais de 3,5 mil ETFs no mundo, movimentando ao redor de US$ 1,5 bilhão em ativos. Desde 2000, sua taxa de crescimento anual tem sido de mais de 30%. Na América Latina, a expansão média anual alcançou 65%, desde 2002.
O sucesso dos ETFs é atribuído, principalmente, a sua estrutura combinada entre fundo mútuo de investimento e ações listadas na bolsa, além da diversificação e facilidade de negociação. O investidor, com uma única operação, adquire uma cesta de ativos, e os ETFs oferecem a possibilidade de entrada e saída do investimento a qualquer momento. Além disso, a taxa de administração de um ETF costuma ser bem menor do que as dos fundos mútuos de investimento.
Embora seja um fenômeno relevante, existem poucos trabalhos acadêmicos sobre o assunto no Brasil e no mundo. Essa carência motivou os pesquisadores Elaine Cristina Borges, William Eid Junior e Claudia Emiko Yoshinaga a elaborarem o artigo “Exchange Traded Funds versus Fundos Indexados no Brasil”, que procura avaliar o desempenho dos ETFs no Brasil em comparação aos fundos mútuos de investimento indexados.
No estudo, os autores avaliam a rentabilidade e a aderência de três ETFs brasileiros em comparação aos fundos mútuos de investimento indexados ao mesmo índice de referência dos ETFs. São eles: Ishares Bova CI (BOVA11), Ishares Brax CI (BRAX11) e Ishares Smal CI (SMAL11).
A pesquisa constatou que os ETFs brasileiros têm, em geral, uma rentabilidade superior àquela de outros fundos indexados ao mesmo índice, quando se consideram os preços diários de fechamento dos ETFs e dos índices financeiros de referência.
Segundo os autores, o resultado pode ser explicado pelas taxas de administração mais reduzidas que os gestores de ETFs conseguem praticar, embora os custos de transação dos ETFs, como os de corretagem e custódia, fiquem por conta do investidor e variem de acordo com o montante investido e a corretora selecionada para fazer o investimento. Esses custos não estão incluídos nos preços dos ETFs, e são pagos à parte pelos investidores. No caso dos fundos mútuos indexados, a administradora dos fundos absorve esses custos, que são rateados entre todos os investidores e reduzem o valor da sua cota e, portanto, sua rentabilidade. Por isso, os resultados positivos em termos de rentabilidade dos ETFs podem ser produto apenas das diferentes formas de pagamento dos custos de transação de cada uma das modalidades de investimento consideradas.
Com relação às medidas de aderência, os autores concluíram que, de maneira geral, os ETFs brasileiros apresentaram resultado muito inferior ao dos demais fundos indexados quando utilizados os preços diários de fechamento. Isso pode ser explicado pelo fato de os preços dos ETFs serem determinados pela oferta e demanda, e, como são recentes no Brasil, ainda não há liquidez suficiente para garantir boa precificação. Não há, também, arbitragem suficiente no Brasil para aproximar os preços dos ETFs dos valores patrimoniais de suas cotas, que representariam seu preço justo.
No entanto, ao analisar os preços diários médios em vez de os preços de fechamento, os ETFs brasileiros aparecem como tendo a melhor aderência de toda a amostra. Utilizar os preços médios, tanto no caso dos ETFs quanto dos indicadores financeiros, é justificável, pois os investidores da bolsa de valores realizam transações ao longo de todo o dia, e não apenas no final dele. Portanto, esses seriam os preços que melhor representam as transações efetuadas diariamente. Nesse caso, os ETFs têm mais condições de replicar os indicadores financeiros do que os fundos mútuos tradicionais, exatamente por sua estrutura permitir transações de compra e venda ao longo do dia, da mesma forma como ocorre com as ações que os indicadores financeiros procuram representar.
O artigo adverte que, pelo fato de os ETFs serem um evento relativamente recente no Brasil, não há um numero suficiente de fundos disponíveis nem base histórica suficiente para uma analise estatística mais robusta. Além disso, a baixa liquidez desses fundos ainda não descobertos pela maioria dos investidores brasileiros afeta sua dinâmica de preços, piorando, assim, sua aderência.
Entre em contato com a professora Claudia Emiko Yoshinaga.
Conheça as pesquisas realizadas pela professora Claudia Emiko Yoshinaga.