Novas Métricas Podem Ajudar a Gerenciar a Busca de Vantagens Competitivas

Autor(es): 

Luiz Artur Ledur Brito

Ano: 

2011

Artigo em foco: Vantagem Competitiva, Criação de Valor e seus Efeitos sobre o Desempenho
 
Um dos objetivos fundamentais da estratégia empresarial é a definição da vantagem competitiva. Às empresas com desempenho superior, atribui-se a existência de uma vantagem competitiva, isto é, uma capacidade de criação de valor acima da média dos seus concorrentes. Para estudar tal questão, o mais importante é saber quais aspectos e variáveis impactam no desempenho de uma empresa.
 
Para o professor Luiz Artur Ledur Brito, da FGV-EAESP, considerar somente a rentabilidade financeira é insuficiente. Uma empresa que cria valor acima da média de sua indústria pode decidir não transformar imediatamente essa vantagem em lucro. Por exemplo, se resolver manter a paridade de preços com seus concorrentes, obterá a preferência dos seus clientes e expandirá sua participação de mercado. Da mesma forma, pode distribuir o valor criado, conforme seus interesses estratégicos. Assim, o excedente pode ou não ser apropriado pela empresa como lucro, mas, de qualquer forma, é relevante para o desempenho dela.
 
Brito apresenta em sua pesquisa uma métrica para vantagem competitiva que traz a combinação dos resultados de lucratividade e crescimento de participação de mercado. O modelo, decomposto e testado em relação à média do setor, utiliza uma base de dados com 6.810 empresas. Foram avaliados quatro intervalos de tempo de cinco anos, cobrindo o período de 1990 a 2009. Para a mensuração de lucratividade, a variável considerada foi o Retorno sobre Ativos (ROA). Para a mensuração do crescimento, a variável considerada foi a variação das vendas líquidas em relação à média da indústria.
 
Primeiro, o pesquisador avaliou os resultados para o último intervalo, 2005 a 2009, e depois o confrontou com os demais períodos. Foram consideradas acima da média as empresas cujas vendas cresceram acima de 11,65% e/ou tiveram uma rentabilidade superior a 9,99% em relação ao seu setor. Já as variações de vendas abaixo de 10,43% ou rentabilidade inferior a -9,99% em relação ao setor foram classificadas como abaixo da média. “Os números podem parecer extremos, mas os resultados mostram que são mais frequentes do que se pode conceber”, afirma Brito.
 
A capacidade de superar o mercado tanto em lucratividade como em participação do mercado despontou como fenômeno raro: somente 1% das empresas o conseguiram. No entanto, uma proporção bem superior conseguiu desempenho superior em uma das variáveis e desempenho mediano na outra: 2,9% em lucratividade e 12,1% na expansão dos negócios. Ao todo, portanto, 16% das empresas foram classificadas como em vantagem competitiva (representando 12,36% dos ativos totais), o que perfaz um percentual superior ao apresentado em estudos que consideram apenas a rentabilidade. Ao todo, 483 empresas de 130 setores tiveram desempenho combinado superior. Se fosse considerado apenas o retorno sobre ativo, estariam em vantagem competitiva apenas 4,2% das empresas, sendo que, dessas, 0,3% sofreram uma perda de participação de mercado, o que indica criação de valor abaixo da média.
 
No outro extremo, o modelo revelou que 16,5% das empresas, representando 11,06% dos ativos totais, apresentaram desvantagem competitiva. Entre elas, a maior parcela, 10,5%, teve redução de participação de mercado e manteve a lucratividade na média de seu setor, o que significa uma perda de vantagem competitiva que não seria considerada pelos modelos tradicionais focados apenas na rentabilidade. As que ficaram atrás apenas em lucratividade representaram 3,7% da amostra e as que sofreram nos dois quesitos, 2,3%.
 
A maioria das empresas, 65,7%, tiveram lucratividade e crescimento na média do mercado, ou seja, apresentaram paridade competitiva. Um percentual pequeno, 1,8%, teve crescimento ou participação de mercado superior, perdendo posição na outra variável e, portanto, não tiveram nem ganho nem perda de vantagem competitiva.
 
Medidas pela distribuição do desempenho combinado, vantagem competitiva e desvantagem competitiva não parecem eventos inexpressivos, conforme proposto por alguns pesquisadores da área. Juntas, vantagem competitiva e desvantagem competitiva superaram 30% da amostra. Considerados os outros intervalos de tempo, as distribuições entre as duas variáveis analisada foram semelhantes, o que contradiz a ideia que hoje se dissemina de que há um gradual desaparecimento de vantagem competitiva pela hipercompetição de mercado.
 
Entre em contato com o professor Luiz Artur Ledur Brito.
 
Conheça as pesquisas realizadas pelo professor Luiz Artur Ledur Brito.