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[INTRODUÇÃO] O Brasil em sua configuração atual existe devido ao heroísmo e espírito empreendedor dos tropeiros. Por mais de dois séculos foram as mulas, conduzidas pelos tropeiros, que permitiram a integração, funcionamento e desenvolvimento do Brasil. Muitas vezes tendo sua importância minimizada pelas diferentes matrizes interpretativas do Período colonial, o movimento tropeirista era o elo fundamental da economia interna, mas comumente suas proporções e desdobramentos caíram no esquecimento. Caracterizados por terem inovado os meios de transporte, bem como permitido a abertura de estradas, intensificação do comércio, integração com “os sertões” e etc., os tropeiros tiveram papel fundamental na formação e desenvolvimento do Brasil, e como verdadeiros criadores e inovadores, este presente trabalho permite visualizá-los como os empreendedores que são. Por outro lado, observa-se que, nos livros didáticos, o personagem presente no imaginário do Herói Brasileiro é o “Bandeirante”, restrito à exploração e retirada extrativista sem deixar nada, sendo o oposto à caracterização do Herói Schumpeteriano. [METODOLOGIA] Nesta pesquisa de cunho qualitativo-exploratório, os procedimentos metodológicos podem ser divididos em duas partes: a construção do Referencial Teórico e o Estudo de Caso de duas ilustres personagens reconhecidamente empreendedoras e que iniciaram suas atividades como tropeiros. O primeiro caso, Conde Francisco Matarazzo, tem como plano de fundo a personagem cuja importância para o cenário econômico brasileiro só é comparável à que teve Visconde de Mauá no século anterior, tendo sido um dos maiores marcos na modernização do país. O segundo caso, Barão de Iguape, trata do “primeiro Prado” que iniciou a trajetória da família que representaria o auge do Ciclo do Café brasileiro. Para a construção do Referencial Teórico foram consultados materiais produzidos sobre o movimento tropeiro, obras clássicas das matrizes interpretativas e obras recentes que as opõem, livros que exploram a caracterização de empreendedorismo e narrativas sobre os mitos do herói. Este Referencial Teórico é a base necessária para análise e comparação com o movimento tropeiro. Uma vez atestado o aspecto empreendedor e heróico do tropeiro, os casos buscam mostrar nas narrativas sobre os dois referidos empresários brasileiros, compravam que ambos iniciaram suas carreiras como tropeiros, mas que esta condição é omitida da história empresarial, levando ao esquecimento. [RESULTADOS] A comparação das características dos empreendedores e dos heróis, levantadas no Referencial Teórico, com as características dos tropeiros resultou em uma grande compatibilidade dos conceitos, de modo que permite a qualificação dos tropeiros como empreendedores e, quando analisado sobre a perspectiva das narrativas, de heróis. Para auxiliar o entendimento dos textos citados foi elaborado um glossário com os termos específicos da linguagem tropeirista. Adicionalmente à lista de referências, foram mantidas em separado, outras obras relacionadas ao tema e que podem ser utilizadas em futuros trabalhos. [CONCLUSÃO] Ao longo da história, personagens incorporam o imaginário social das pessoas sobre a forma de mitos e estórias, e passam a representar importantes elementos de identidade social daquele povo. Os tropeiros tiveram papel fundamental no desenvolvimento e crescimento econômico do Brasil, mas seu espírito empreendedor e suas estórias de cunho heróico acabou, juntamente com sua própria personagem, por cair no esquecimento nacional. Este estudo redescobre os tropeiros como os grandes empreendedores que eram e os apontam como verdadeiros heróis a serem registrados no imaginário social brasileiro.