[INTRODUÇÃO] A trajetória de ocupação do Centro-Oeste e de Goiás é recente. Os investimentos para alavancar a produção da região aconteceu, majoritariamente, no século XX. A economia regional é baseada na agropecuária intensiva em tecnologia e centros industriais. Os objetos desta pesquisa são três municípios do interior de Goiás: Pontalina, Edealina e Edéia. O primeiro se caracteriza pela presença de empresas pequenas e médias de confecção de roupas. O segundo, Edealina, menos populoso,  sedia uma grande empresa de extração mineral e o seu PIB per capita é alto. O terceiro, Edéia, é mais dinâmico economicamente e possui uma usina de etanol multinacional. Em todos, a agropecuária é uma atividade relevante. Essas configurações influenciam a vida da população e a economia local, podendo resultar em externalidades negativas. A administração pública e a sociedade civil também são atores que impactam a população. O objetivo desta pesquisa é entender a trajetória de cada local e analisá-la à luz do desenvolvimento local. A discussão a respeito deste conceito é polissêmica (Santos, 2013); os indicadores quantitativos não são suficiente para estudá-lo. Recorre-se também a indicadores qualitativos, a capacidade de enraizamento das atividades econômicas e a sua sustentabilidade (Comin; Torres-Freire, 2009). [METODOLOGIA] A pesquisa é um estudo de casos múltiplos (Yin, 2001) e foi dividida em três partes. Na primeira, buscou-se levantar e estudar bibliografia sobre a ocupação e desenvolvimento da região Centro-Oeste e do estado de Goiás. Depois, foi feito um breve estudo sobre a história de cada cidade e um levantamento de indicadores demográficos, sociais e econômicos. Na segunda, foram realizadas entrevistas in loco com atores importantes da administração pública, iniciativa privada e sociedade civil de cada cidade. A terceira parte consistiu em uma análise das informações coletadas nas entrevistas e um debate sobre elas e sobre os indicadores levantados à luz da discussão sobre desenvolvimento local. [RESULTADOS] Pontalina tem indicativos de estagnação econômica, sinaliza problemas de desigualdade, desemprego e trabalho precarizado. Edealina teve as expectativas frustradas em relação à geração de empregos; a administração pública é a maior empregadora. Edéia apresenta os melhores indicadores econômicos e sociais; a administração pública é aprovada. A usina de etanol é uma empregadora importante, mas as plantações de cana-de-açúcar fazem competição desleal com os pequenos agricultores locais. [CONCLUSÃO] Uma grande iniciativa ou várias pequenas não determinam o sucesso socioeconômico de um município. Esse deve ser medido por meio de instrumentos quantitativos e qualitativos, que se refletem diretamente na vida da população. A atuação da administração pública e da sociedade civil são também determinantes para uma cidade. Foi mencionado muitas vezes que existe a expectativa que uma empresa de fora se instale em cada cidade estudada para gerar emprego para a população e receita para a administração pública, mas ficou evidente, por meio da pesquisa, que isso não é o suficiente para gerar desenvolvimento local.