RESPOSTAS DO ESTADO ÀS MUDANÇAS DO CAPITALISMO, O PAPEL DAS ORGANIZAÇÕES MULTILATERAIS E DOS GOVERNOS FACE ÀS CARACTERÍSTICAS DO CAPITALISMO FLEXÍVEL

Autor(es): 

Pedro Sitta Pizzolato - Orientador: Prof. Francisco Cesar Pinto da Fonseca

Ano: 

2008

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] A partir da década de 1970, o voraz ciclo capitalista viu-se confinado nas fronteiras das economias nacionais. Ávido por recursos e alternativas de inovação para continuar seu crescimento e sua toada de acumulação, entram em ação os empreendedores schumpeterianos e recriam os métodos de produção, inovando na maneira de lidar com o trabalho, com a produção, com a cadeia de suprimentos, com as demandas de mercado e com a concorrência. Temos, então, o panorama do capitalismo flexível que estoura as fronteiras das economias domésticas para compor a economia internacional, com empresas transnacionais buscando melhores (isso é, mais baratos) recursos naturais e humanos. As grandes cidades industriais perdem sua evidência como destinos de industrialização, na verdade sofrem a chamada desindustrialização, movendo as plantas produtivas para países periféricos que ofereçam uma matriz de custos menores. Com essa descentralização, a organização dos trabalhadores que lidam com culturas e espaços diferentes fica comprometida, fazendo os sindicatos perderem sua força, deixando os trabalhadores mais sujeitos a perderem as disputas de classes com os capitalistas – na tentativa de atenuar problemas desse tipo, alguns Estados elaboram leis de proteção aos trabalhadores, como no Brasil, mas altos custos de empregabilidade acabam por gerar desemprego e hipertrofia do setor informal da economia. Entretanto, as regulamentações Estatais são limitadas pelas fronteiras, as quais não são mais problemas para o grande capital, que se move no globo conforme seus interesses, driblando quaisquer restrições políticas ou econômicas locais. Busca-se cada vez mais atender às mais diversas demandas do consumidor, tentando extrair o máximo lucro possível de todas as áreas da economia. [RESULTADOS] Há, assim, uma hipertrofia no setor de serviços, setor o qual, alias, absorve grande parcela dos trabalhadores que subsistem na informalidade. É a era, também, do capital financeiro. O capital impaciente, ávido por resultados rápidos e grandiosos. Nunca as bolsas de valores receberam tantos investimentos, nunca tantas pessoas enriqueceram por meio de investimentos puramente financeiros, sem produção. Tratar do papel do Estado neste cenário torna-se uma tarefa difícil quando se percebe que alguns Estados tornam-se, verdadeiramente, reféns deste sistema de produção, que inclui grandes somas de lucros e que, portanto, geram grandes cifras em impostos. A função básica do Estado é observar o bem-estar de sua população, tarefa que só pode ser cumprida com eficácia com recursos. Entretanto, esse é um dos paradoxos que encontramos: a política que incentiva a criação de recursos pode estar incentivando, indiretamente, as injustiças sociais e a degradação do meio ambiente – e aí tem de usar os recursos recebidos para sanar problemas que talvez não existissem, caso as políticas fossem diferentes. [CONCLUSÃO] Em suma, nosso cenário é composto por um modo de produção cuja sustentação está em um ciclo de crescimento que exigiu uma expansão das economias a nível global, levando indústrias a buscarem melhores custos em outros lugares (periferia) que não os tradicionais pólos de industrialização, o sistema busca extrair os maiores lucros possíveis, isso é, capturar o maior excedente do consumidor possível, para isso as produções se flexibilizaram, pluralizaram e combinou nichos de mercado com economias de escopo. Essa dispersão pelas empresas pelo globo gerou uma pressão nos governos por desregularização, ou seja, maior liberdade para exercerem sua função de acumulação de capital; as resguardas trabalhistas passaram cada vez mais a serem vistas como custosas. Neste sentido, é hipertrofiado o setor de trabalho informal. O setor de serviços também é hipertrofiado, seja pela massa de trabalhadores que partem para esse setor por falta de emprego na indústria e a necessidade que a superprodução flexível tem de escoamento, seja porque este é o setor que mais abriga iniciativas inovadoras autônomas que identificam cada vez mais e mais inusitadas necessidades do consumidor, seja pela enorme pressão de urbanização gerada pela industrialização da periferia, ou seja porque este é o setor da economia que mais abriga os trabalhadores informais. Ainda devemos notar neste nosso cenário a dispersão do poder de organização dos sindicatos por essa forma global de disposição das empresas, além disso muda a visão tradicional do trabalhador e do trabalho.

Departamento: 

FSJ