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[INTRODUÇÃO] Este trabalho pretende contribuir com a discussão acerca das parcerias público-privadas na área da educação básica. Pretende-se apontar possíveis aspectos positivos e negativos de parcerias firmadas entre organizações privadas e escolas públicas, a fim de compreender quais contribuições esse tipo de relação oferece à educação pública. O trabalho explora essa discussão através de um estudo de caso da Associação Parceiros da Educação em suas parcerias com escolas da cidade de São Paulo. [METODOLOGIA] Em uma primeira fase, analisou-se a literatura existente buscando observar questões conceituais e os diferentes pontos de vista que existem acerca das parcerias público-privada na educação. Em seguida, realizou-se um levantamento e mapeamento das escolas públicas parceiras, a fim de analisar a existência de algum perfil territorial específico e/ou predominante entre as escolas que recebem ações da Parceiros da Educação; para essa análise geoespacial, utilizou-se o software QGIS e as informações públicas de endereço das escolas. Além disso, utilizou-se o Índice de Desenvolvimento da Educação do Estado de São Paulo (IDESP) de 2016 para comparar o desempenho das escolas parceiras com o universo de escolas estaduais da cidade de São Paulo; verificou-se o IDESP de cada Diretoria de Ensino, bem como o IDESP do Estado de São Paulo, para compará-los com o IDESP de cada escola e, assim, observar quão próximas essas unidades escolares estavam da realidade regional. Em um terceiro momento, analisou-se a evolução do IDESP das escolas parceiras, comparando os anos de 2016 e 2017; calculou-se a evolução de cada escola subtraindo o IDESP 2017 do IDESP 2016 e, assim, pode-se observar se essa evolução foi positiva, negativa ou nula, e quão expressiva foi a alteração da nota. Além disso, criou-se um grupo de controle para analisar comparativamente escolas parceiras e escolas que não possuem parceria; realizou-se um quadro comparativo tendo como base o IDESP 2016 e, assim, calculou-se a média de cada um dos grupos. Em seguida, comparou-se os dois grupos escolares com base em suas evoluções do IDESP entre os anos de 2016 e 2017. Para a análise de dados qualitativos, realizou-se entrevistas com questionários semiestruturados com os membros da associação e equipes gestoras de seis escolas dos diferentes ciclos. [RESULTADOS] A partir da análise dos dados, é possível verificar a concentração de parcerias nas Diretorias de Ensino Cento Oeste e Centro Sul, cujas notas no IDESP estão entre as melhores da cidade. Ainda assim, as escolas parceiras possuem notas mais altas do que a média das Diretorias as quais pertencem, no entanto não foi possível concluir se esse resultado se deve à parceria. Quando comparado com o grupo de controle, o IDESP das escolas parceiras tende a ser mais elevado; porém, quando se compara a evolução entre 2016-2017, as escolas sem parceria tiveram uma maior evolução. A maioria das escolas parceiras faz parte do Programa Ensino Integral, possuem lideranças fortes na equipe gestora e apresentavam resultados satisfatórios antes da parceria. As ações da Parceiros da Educação nas escolas são consideradas de excelente qualidade pelas escolas e contribuem significativamente com a qualidade do ensino oferecido. [CONCLUSÃO] Parcerias no modelo seguido pela Parceiros da Educação têm muito a contribuir com a qualidade da educação pública, sobretudo no aspecto qualitativo. No entanto, deve-se ter cuidado, pois a atual forma de seleção das escolas parceiras pode reforçar desigualdades já existentes na rede de ensino. Esse potencial de contribuição das parcerias poderia ser utilizado, inclusive, para diminuir as atuais desigualdades presentes entre as escolas.