OPINIÃO PÚBLICA, MÍDIA E AVALIAÇÃO DE GOVERNO: UMA ANÁLISE DA PREFEITURA DE FERNANDO HADDAD

Autor(es): 

Olavo Egydio Mutarelli Setubal - Orientador: Claudio Couto

Ano: 

2016

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] Este trabalho consiste na análise da cobertura das capas dos jornais Folha de São Paulo e Estado de São Paulo sobre a gestão do prefeito Fernando Haddad (PT) na capital paulista do início de 2013 até o final de 2015, buscando analisar suas possíveis influências e relações com a opinião pública – obtida por meio das pesquisas do Datafolha. Com isso, procura-se realizar um diagnóstico amplo da opinião pública e suas agendas, observando relações e influências entre a agenda da mídia, a agenda de políticas públicas e a agenda de opinião pública, examinando, então, quais temas se destacam e como foram abordados e, então, possivelmente interpretados pela população.[METODOLOGIA] O diagnóstico da cobertura foi realizado mediante a construção de um banco de dados que associa as matérias publicadas sobre o governo municipal a uma valoração (positiva, neutra ou negativa; sob a perspectiva da prefeitura) da sua veiculação, o seu tamanho e a temática. De forma complementar, foi realizada uma tabulação dos dados, tornando-os mais tangíveis, por meio de tabelas, gráficos e ainda nuvem de palavras feitas pelo software NVivo. Juntamente a isso, associou-se e acrescentou-se a visão dos profissionais de comunicação envolvidos na cobertura, entrevistando-se tanto jornalistas e editores dos meios impressos como funcionários da Secretaria de Comunicação municipal em Junho e Julho de 2015. [Resultados] É possível observar uma influência bastante relevante na opinião pública por fatores não associados diretamente à agenda da mídia. Um caso interessante foi a variação encontrada na avalição do governo municipal de acordo com o meio de transporte utilizado, ou ainda em relação à região em que se mora na cidade. Com isso vemos que a avaliação das políticas pela opinião pública pode variar muito em função do contexto urbano vivido por cada cidadão. Além disso, vê-se que a sensibilidade de certos temas para influenciar a avaliação de um governo como um todo varia em conjunto com diversos fatores independentes da cobertura da mídia. Por exemplo, na forma como se dá a circulação da informação em função da renda, ou ainda em fatores sobre os quais a gestão tem nenhuma ou pouca influência, como a rejeição ao PT. Existem, ainda, correlações interessantes entre a opinião e a cobertura de temas como Educação, Saúde, Transporte, Justiça - entre outros -, e as respectivas agendas, entretanto é complexo apontar relações de causalidade, de forma que o estudo limita-se a uma apreciação de padrões que parecem se repetir.[CONCLUSÃO] As reflexões acerca da possível influência da cobertura da imprensa sobre a opinião pública no que tange a prefeitura de São Paulo foram feitas a partir de padrões e casos marcantes. Um ponto que se fez fundamental se dá pela análise do enfoque das notícias, muitas vezes negativo, possivelmente influenciando as percepções das pessoas diante das políticas. Analisa-se, então, a queda de aprovação de algumas políticas específicas (como as ciclovias), correlacionada com a veiculação de notícias negativas, a despeito da predominância da aprovação das medidas pela população. Com isso, pondera-se acerca das possíveis causas desta queda, seja por uma quebra de expectativa do que se esperava com estas medidas, seja por uma ampliação da percepção negativa das políticas em detrimento dos seus benefícios tendo em vista a cobertura da imprensa no período. Por outro lado, viu-se como a dinâmica das informações via internet ganha uma importância cada vez maior. Dessa forma, acredita-se que a influência das informações no estabelecimento da agenda da mídia e a sua relação com a opinião pública se dá não apenas pela exposição dos temas, como pela associação entre os elementos que compões aquela história. O que, por sua vez, é amplificado com a difusão da internet.

Departamento: 

GEP

Anexos: