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[INTRODUÇÃO] Uma imensa parcela da população da cidade de São Paulo enfrenta o problema da falta de trabalho e renda. Com desemprego crescente, a pobreza, a exclusão e a desigualdade levam as pessoas à procura de alternativas para a condição de privação em que se encontram. As cooperativas populares e a economia solidária se colocam como uma alternativa para estas pessoas. Graças a um envolvimento cada vez maior de diversos setores da sociedade com este tema, entidades de fomento e debate de economia solidária e cooperativismo, têm dado visibilidade e articulação a estas iniciativas. O que se pretende com este trabalho é identificar quais são os atores que compõe este quadro, e apontar quais são suas principais expectativas, seus objetivos, e então verificar qual é o efeito da formação de cooperativas populares no combate à pobreza. [METODOLOGIA] Para a realização desta pesquisa foi feito um levantamento bibliográfico com as recentes publicações sobre o tema. Privilegiou-se a utilização de publicações dos atores que possuam atividades e práticas de empreendimentos solidários. Complementares a esta pesquisa bibliográfica foram feitas duas visitas a cooperativas para tomar depoimentos dos seus membros. Por fim, absolutamente importante foi a experiência de trabalho em uma das entidades que atuam com economia solidária e cooperativismo. [RESULTADOS] O propósito dos grupos que pretendem formar cooperativas e o propósito das organizações de apoio e fomento são distintos. Enquanto os grupos buscam a formação de cooperativas para sair de uma pobreza, vista neste momento como privação de recursos monetários, as organizações encaram o processo como a construção de uma sociedade baseada em relações econômicas solidárias. Outro ponto fundamental diz respeito às condições em que a formação de cooperativas se sustenta com um prazo indefinido, e quando elas funcionam como simples assistência em momentos de maior dificuldade. [CONCLUSÃO] As cooperativas populares são importantes instrumentos de combate à pobreza em sua concepção multidimensional, de privação de capacidades. A vivência da autogestão, desde a formação da cooperativa, possibilita um novo comportamento pouco presente nas relações de trabalho das empresas capitalistas, um comportamento participativo e democrático. Como este comportamento pode trazer um grande desgaste às relações entre os cooperados, corre-se o risco de, superado o momento inicial de formação do empreendimento, acontecer um desânimo do grupo com a cooperativa. É importante que o empreendimento seja encarado pelo grupo como parte de um processo de construção da economia solidária, o que leva a uma renovação dos objetivos daquele grupo, e mantém presente a identificação em torno daquilo que une ao grupo.