MATERNIDADE NA ADOLESCÊNCIA: PERFORMATIVIDADE E SUJEITOS DESVIANTES

Autor(es): 

Ana Laura Rodrigues Ferreira Ferrari - Orientadora: Profª Eliane Zamith Brito

Ano: 

2018

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] Levantamento longitudinal de dados realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) – Estatísticas do Registro Civil 2015 – mostra que a idade média das mulheres que têm filhos tem se elevado ao longo do tempo no país. A postergação da maternidade tem sido provocada pela priorização dos estudos e da carreira e se tornou a norma a ser seguida por mulheres de todas as classes sociais, independe das oportunidades existentes. Como consequência desta normatização, a gravidez na adolescência passa a ser vista como transgressão e sujeição precoce à função materna. A “mãe adolescente”, quando comparada com aquelas que têm gravidez planejada na fase adulta, é sujeito desviante e sofre estigma em decorrência dessa condição. Mesmo performativa, no sentido de influenciar a realidade de um modo que suas premissas e previsões tornam-se verdadeiras, a norma da maternidade é o campo de comparação em relação ao qual a maternidade será definida como boa ou ruim.  Ainda que na condição de sujeitos desviantes e grupo estigmatizado, mães adolescentes podem reagir à norma e ao estigma, confirmando-os ou evitando que a não adequação se traduza em baixa autoestima e desvantagens. [METODOLOGIA] Sete entrevistas fenomenológicas e um grupo focal foram conduzidos ao longo da pesquisa com o objetivo de responder de que forma essas jovens performam seus comportamentos em relação à norma da maternidade. As mulheres participantes engravidaram entre 15 e 21 anos e vêm de classes socioeconômicas e histórias de vida diversas. [RESULTADOS E CONCLUSÃO] A análise dos resultados conclui que a norma da maternidade é identificada por todas as mães adolescentes na manifestação do estigma, mas que as possibilidades de estudo e de geração de renda presentes em cada contexto social impactam diferentemente a percepção das jovens e de suas famílias em relação às vantagens e à normalidade da gravidez na adolescência. A negação do estigma é uma estratégia disponível e utilizada como reação à norma da maternidade, mas apenas as jovens que têm a oportunidade de ingressar no ensino superior utilizam-no como mecanismo de enfrentamento ao estigma ao construírem uma autoimagem embasada em responsabilidade, independência e preocupação com a estabilidade financeira. Dessa forma, conseguem aproximar-se do ideal normativo da maternidade, evitando internalizar o estigma decorrente do estereótipo de “mãe adolescente”.

Departamento: 

MCD

Anexos: