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[INTRODUÇÃO] O Brasil, nestes últimos anos, tem visto o que hoje é um fenômeno mundial: o crescimento do chamado Terceiro Setor. As organizações do Terceiro Setor, ao contrário das empresas privadas e públicas, não têm como objetivo o lucro financeiro e sim captar e gerenciar os recursos disponíveis para o fortalecimento dos melhores serviços possíveis. Portanto, as questões éticas que se prevêem são encontradas no processo de captação e uso dos recursos, com a meta de alcançar o bem específico procurado pela organização. A pesquisa pode ser formulada com base em quatro questões: 1.É ético o processo de captação de recursos para que a organização atinja seus fins?, 2.É ético o processo de execução física, humana e financeira dos projetos da organização?, e 3.Quais são as questões éticas e os valores essenciais no Terceiro Setor? 4.Como as entidades vêem estas questões e valores?. [METODOLOGIA] O primeiro passo na pesquisa de campo foi a realização de uma entrevista com a especialista em Terceiro Setor (principalmente na área de captação de recursos) Célia Cruz. A entrevista foi feita pessoalmente na sede do IDIS. Através dos dados obtidos, juntamente com o levantamento bibliográfico, foi possível a formulação de questionário a ser entregue a organizações do Terceiro Setor. As entidades escolhidas para pertencerem à amostra da pesquisa foram todas aquelas que estavam no ranking das maiores e melhores da Estado de São Paulo segundo o site Filantropia, desenvolvido por Stephen Kanitz, e também as entidades pertencentes à Associação Brasileira de ONGs (Abong). Foram obtidos ao todo 38 questionários. [RESULTADOS]. Os resultados obtidos foram que a ética no Terceiro Setor é ainda um tema muito incipiente no Brasil, fato constatado pela falta de literatura sobre o assunto no país. E esta constatação é inversamente proporcional a sua importância. As questões éticas no setor são inúmeras e por englobar uma diversidade enorme de pessoas, a necessidade de se estabelecerem padrões de conduta se tornou enorme. As organizações do Terceiro Setor realmente acreditam que a ética seja um fator muito importante para o setor, apesar de não terem demonstrado uma postura clara e concisa sobre o tema, ou seja, o interesse e a preocupação existem, só que as entidades não pararam para pensar e discutir melhor quais as posturas corretas a serem tomadas, ou até mesmo para criar um código de ética prático que viesse a ajudar o setor como todo. [CONCLUSÃO] Pode-se concluir através desta pesquisa que o campo da ética no Terceiro Setor é muito amplo e complexo. Por ser um setor que surgiu como um movimento de renovação social, espera-se dele, mais do que de qualquer outro, um comportamento a altura desta definição. Pelo fato do setor ter esse conceito de ser inerentemente ético, ou por as entidades estarem só agora se profissionalizando, a questão da ética está só agora começando a se desenvolver no Brasil, ao contrário do que se vem observando em outros países como os do continente europeu e nos Estado Unidos. Foi constatado que existe a necessidade de se fazer uma discussão sobre as questões éticas que envolvem o setor e que as entidades estariam dispostas a realizá-la. Portanto, agora é só começar a articular este processo, já iniciado pela ABCR (Associação Brasileira dos Captadores de Recursos) através da formulação de um código de ética para os profissionais da captação. Um avanço neste sentido daria ao Terceiro Setor não somente uma visão mais profissional do seu trabalho como também o fortaleceria e o tornaria mais confiável frente à sociedade.