EMPRESAS QUE SOFREM DENÚNCIAS DE USO DE TRABALHO FORÇADO ESTÃO SUJEITAS À PERDA DE CONSUMIDORES? UM ESTUDO SOBRE A INTENÇÃO DE COMPRA DO JOVEM

Autor(es): 

Giulia Rizatto Tronchin - Orientadora: Profª Tania Modesto Veludo de Oliveira

Ano: 

2013

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] Da mesma forma como ocorreu em muitas outras atividades industriais, a indústria da moda não poupou esforços, muitas vezes alheios, para crescer e se tornar um importante pilar da economia mundial. Para isso, ela utilizou-se, e ainda faz uso, da exploração de mão de obra barata para a confecção de roupas e acessórios. Com este estudo, pretende-se descobrir quanto o consumidor está disposto a abrir mão da sua vontade e conforto para contribuir, definitivamente, com o fim deste tipo de escravidão, a partir do seguinte problema de pesquisa: como a intenção de compra do consumidor jovem das grandes redes varejistas é impactada pela não adequação destas empresas às práticas de responsabilidade social corporativa, mais especificamente ao uso de trabalho forçado na cadeia produtiva? [METODOLOGIA] O instrumento utilizado para a coleta de dados, que formaram a base quantitativa deste estudo, foi um questionário composto por 48 questões assertivas e quatro referentes a dados sociodemográficos, dos quais a idade do respondente, bem como sua renda familiar constituíram os filtros da pesquisa. Ao final, 451 questionários foram iniciados, porém apenas 217 deles (48%) foram terminados e puderam ser utilizados nas análises. Para a análise dos dados coletados, técnicas estatísticas como análise fatorial e regressão múltipla foram adotadas. Além disso, ferramentas como o alfa de Cronbach, garantiram a confiabilidade dos resultados obtidos.  [Resultados] Os resultados gerados pelo software estatístico utilizado nas análises mostraram que quanto maior o apoio a causas sociais e a noção de coletividade, maior também será a intenção do indivíduo em deixar de comprar das empresas ou marcas denunciadas pelo emprego de mão de obra forçada em suas cadeias produtivas. O apoio a causas sociais aumenta em 10,344 vezes a chance de o consumidor alterar seus hábitos de compra, já a noção de coletividade aumenta em 5,242 vezes esta mesma chance. Dessa forma, apenas os indivíduos que apresentarem algum nível de preocupação social mostrar-se-ão dispostos a alterar seus hábitos de compra caso saibam que as empresas estejam empregando mão de obra forçada nos seus processos produtivos. Revelou-se que a intenção de compra do consumidor é impactada pela não adequação das empresas às práticas de responsabilidade social corporativa. Ao contrário das duas primeiras hipóteses, os jovens que mudam seus hábitos de compra em prol de uma causa social são aqueles que apresentam senso de comunidade (noção de coletividade) e se manifestam a favor de movimentos que apoiam causas sociais. [CONCLUSÃO] as companhias passam ter uma ferramenta importante para definição de estratégias de vendas, retenção e atração de clientes. As empresas devem, portanto, preocupar-se especificamente com os consumidores envolvidos com questões sociais, pois eles são os mais propícios a deixarem de comprar os produtos em caso de denúncia. Ademais, é importante que as campanhas envolvam o público, fazendo-o acreditar que o sucesso das práticas socialmente responsáveis é possível porque ele fornece os recursos para a empresa – a questão emocional é essencial para que os consumidores lutem contra ou em prol de uma causa. Por outro lado, as Organizações Não-Governamentais (ONGs) também passam a ter um novo recurso para campanhas de mobilização social.

Departamento: 

MCD

Anexos: