EMPREENDEDORISMO CULTURAL E ORGANIZAÇÕES CRIATIVAS: MODELOS DE NEGÓCIOS E CAPACITAÇÃO DE GESTORES

Autor(es): 

Myrtes de Freitas Segalla - Orientadora: Profª Tânia Maria Vidigal Limeira

Ano: 

2008

Instituição: 

FGV-EAESP

[INTRODUÇÃO] O empreendedorismo vem ganhando força com iniciativas da população jovem, especialmente nas áreas social e cultural.  Segundo o Global Entrepreneurship Monitor, 25% dos jovens empreendedores brasileiros são motivados a começar um negócio por necessidade e não por oportunidade de montar um negócio. Portanto, as barreiras socioeconômicas apresentam desafios aos jovens na gestão de seus empreendimentos. Diversas organizações sociais começam a surgir, com o objetivo de apoiar os jovens em seus novos empreendimentos. Entre essas organizações encontra-se a Artemísia Internacional, que dá suporte a jovens empreendedores de baixa renda, atuando em três países distintos: Brasil (Artemísia Brasil), França (Entrepreneurs Sans Frontières) e Senegal (Synapse). Esta pesquisa procurou investigar as facilidades e dificuldades encontradas pelos jovens empreendedores nas cidades de São Paulo e Paris ao desenvolver seus empreendimentos culturais, bem como verificar qual a contribuição da Artemísia Internacional para a sustentabilidade destes empreendimentos. [METODOLOGIA] Em uma etapa inicial foi necessária a revisão conceitual referente ao tema, incluindo os itens: empreendedorismo, cultura, mercado e empresa cultural, gestor e empreendedor cultural, programas de apoio. Em um segundo momento, houve o levantamento de dados secundários e a realização de entrevistas pessoais com dois representantes da Artemísia no Brasil e na França e com quatro jovens empreendedores, sendo dois brasileiros e dois franceses. A pesquisa é de caráter exploratório e a perspectiva de análise foi interpretativa. [RESULTADOS] A análise das entrevistas dos jovens empreendedores culturais mostrou a motivação geral de abertura de novos negócios como plataforma para ajudar terceiros e apoiá-los em seus respectivos projetos. No processo de criação e organização do empreendimento, foi possível encontrar diferenças na realidade de cada país. Enquanto no Brasil os jovens enfrentam a falta de informação para a abertura de um negócio próprio e desconhecimento de onde obtê-la, na França tende a haver um leque maior de informações  úteis disponíveis aos empreendedores, como legislação, financiamento e apoios diversos. No que diz respeito à ajuda de cada governo, os jovens brasileiros citaram um apoio mais pontual, através de parcerias feitas diretamente com órgãos públicos. Já os franceses indicaram uma ajuda mais indireta e contínua do governo francês, por meio de políticas públicas dirigidas a esse tipo de empreendedorismo. A análise das entrevistas dos representantes da organização aponta que ambas contratam estagiários de boas universidades para ajudar a estes jovens no desenvolvimento do plano de negócio e focam seus programas na capacitação e viabilidade financeira dos novos negócios. Porém a estrutura dos programas é diversa. O Brasil tem um programa de capacitação maior e mais abrangente, além de proporcionar apoio financeiro direto por dois anos aos empreendedores selecionados. Na França, o programa tem menor abrangência e menor duração, oferecendo ajuda financeira indireta através de um parceiro financeiro para o projeto. [CONCLUSÃO] Primeiramente, quanto à motivação para abertura de negócio próprio por parte de jovens empreendedores sociais e culturais é possível perceber uma tendência em relação à vontade de auxiliar terceiros em seus empreendimentos. Quanto ao apoio público oferecido a esses jovens, verifica-se a necessidade de discussão sobre qual seria a melhor maneira ou a melhor combinação de ações governamentais a fim de alcançar um apoio mais eficiente. Por fim, embora tenham ficado evidentes os benefícios gerados àqueles que participaram dos programas nos dois países, ainda não se sabe ao certo qual é a sustentabilidade desses negócios.

Departamento: 

MCD

Anexos: