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[INTRODUÇÃO] O atual crescimento significativo que o setor informal vem apresentando dentro da economia brasileira toma muito relevante a discussão a respeito da sua importância e de suas conseqüências para a sociedade brasileira como um todo. Para avaliar a magnitude dessa questão estrutural, basta lembrar que 36,5% das pessoas ocupadas em 1989 nas seis principais regiões metropolitanas do País pertenciam ao setor informal; em 1995, essa taxa de informalidade saltou para 46%, o que representou um pulo de quase 10 pontos percentuais num intervalo de apenas seis anos. Além do setor informal, outra questão relevante para o estudo do mercado de trabalho é a análise da participação das mulheres na economia, levando-se em consideração o conceito de gênero. A partir da década de 70, estudos têm mostrado um crescimento da participação da mulher na economia; no entanto esta inserção ocorre pela atuação dos mecanismos de gênero: por meio de relações socialmente construídas, é estabelecida a divisão do trabalho por gênero, ou seja, existem influências determinantes de gênero nas atividades que são destinadas ao homem e à mulher, bem como são importantes na formação de expectativas de comportamento distintas para ambos. Desta forma, a pesquisa teve como foco um melhor entendimento da crescente inserção das mulheres dentro do setor informal mediante a incorporação do conceito de gênero. A análise propôs mostrar em que medida a questão de gênero pode contribuir para a compreensão do setor informal em São Paulo (devido ao seu peso e importância) na década de 90, considerando-se o setor de serviços. [METODOLOGIA] Empregou-se como metodologia a revisão bibliográfica seguida da compilação de dados estatísticos secundários obtidos do IBGE, PNAD, Fundação SEADE, sempre utilizando a questão de gênero como perspectiva para a análise do material encontrado. É importante observar-se que, quando se trata de quantificar a mulher ou o setor informal, os dados nem sempre estão disponíveis ou, quando presentes, refletem distorções técnicas de pesquisa, sub-registros, etc. [RESULTADOS] Os resultados encontrados confirmam a hipótese da pesquisa, ou seja, de que gênero é um dos fatores que vai estruturar a inserção da mulher no mercado de trabalho, em particular no setor informal e, dentro deste, no setor de serviços: a remuneração das mulheres é inferior à masculina em todas as profissões; o leque de ocupações disponíveis às mulheres é mais estreito que para os homens, concentrando-se no setor terciário da economia e, dentro dele, no ramo de serviços, no qual se encontram alguns dos empregos de mais baixo prestígio e remuneração, como o emprego doméstico; além disso, a porcentagem de trabalhadoras sem carteira assinada vem crescendo em todos os setores de atividade. [CONCLUSÃO] Ratificou-se, portanto, a hipótese mencionada acima em que a questão de gênero é relacionada à inserção da mulher no mercado de trabalho. Se, por um lado, a participação das mulheres vem aumentando no mercado de trabalho, por outro, esta participação é permeada pela influência da questão de gênero, de modo que as mulheres exercem as atividades menos prestigiadas, com pouca qualificação, em condições muitas vezes precárias e em setores considerados femininos, como é o caso do setor de serviços, o qual, aliás, tem grande importância dentro do chamado setor informal.