Os Meios dos Jovens de Periferia para Enfrentar as Carências Locais

Autor(es): 

Tiago Corbisier Matheus

Ano: 

2014

Pesquisa em foco: Vulnerabilidade social e laços de solidariedade entre jovens moradores do Jardim Ângela e do Jardim São Luis.

Nos bairros paulistas de Jardim Ângela e Jardim São Luis, estabelecer laços informais de solidariedade e cruzar as fronteiras entre o lícito e o ilícito são meios para concretizar aspirações que o Estado não supre.

Objetivo: Conhecer as aspirações, conflitos e impasses dos jovens moradores do Jardim Ângela e Jardim São Luis, bairros periféricos de São Paulo, a fim de identificar dificuldades e recursos sociais enfrentados no cotidiano da região.

Raio X da pesquisa

• Visitas a cinco organizações sociais voltadas à formação de jovens.
• Entrevistas qualitativas com 16 jovens e 13 gestores sociais ou educadores.
• Investigação da realidade vivida pelos 600 mil moradores do subdistrito de M’Boi Mirim.

Resultados

• As oportunidades de trabalho são heterogêneas e muitas vezes inadequadas às aspirações de uma juventude que almeja “existir” e não apenas “sobreviver”; as possibilidades de formação complementar são insuficientes; os equipamentos públicos encontram-se em estado de precariedade; faltam oportunidades de lazer; o deslocamento é difícil; a polícia é percebida como violenta e arbitrária; há a sensação de que esses bairros são “invisíveis” à sociedade.
• As instituições educativas formais e informais carecem de maior integração.
• Diante da precariedade social, os moradores estabelecem constantemente laços de solidariedade entre si, construindo meios informais de apoio mútuo.
• Jovens formulam projetos de vida a partir da participação em oportunidades oferecidas pelo poder público, por organizações sociais ou mesmo pelo poder paralelo promotor de práticas ilícitas.

O que há de novo

• O saber local construído por algumas organizações voltadas à educação complementar mostra particular capacidade no enfrentamento da vulnerabilidade social juvenil: respeito, autonomia e formação crítica são parâmetros que se destacam nas estratégias estabelecidas.
• A dicotomia comumente estabelecida entre o lícito e o ilícito, na realidade cotidiana de moradores de bairros periféricos, é mais complexa e nuançada do que se supunha. Recorrentemente formam-se vínculos (de amizade, solidariedade ou de troca) entre jovens com trajetórias distintas, entre o lícito e o ilícito, e também são comuns famílias compostas de jovens de ambos os perfis. Se a dicotomia entre trabalhadores e bandidos serve como referência simbólica para a orientação dos projetos de vida, não configura universos distintos com valores e normas incompatíveis entre si.

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