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Artigo em foco: Relacionamento Intersetorial: Competências para o Desenvolvimento de Parcerias em Cadeias de Suprimento Humanitárias
O crescente número de catástrofes – naturais ou provocadas pela ação do homem – tem exigido esforços de coordenação, planejamento e logística de operações de ajuda humanitária. Um dos principais desafios é como envolver e integrar as diferentes organizações que participam dessas operações. Se, por um lado, o envolvimento dessas diferentes organizações traz recursos e competências, por outro, há o aumento da complexidade da gestão.
Com o objetivo de entender como se caracteriza a relação entre organizações privadas e humanitárias, a professora da FGV-EAESP Susana Carla Farias Pereira estudou o caso da parceria entre o maior programa humanitário do mundo, o World Food Program ou Programa Alimentar Mundial (WFP), e uma das principais empresas privadas de logística global. O WFP, braço de ajuda alimentar da Organização das Nações Unidas (ONU), conta com escritórios em mais de 80 países e, a cada ano, fornece alimentos para 90 milhões de pessoas. A empresa de logística global, primeira parceira corporativa do WFP, possui a maior rede de distribuição expressa rodoviária de toda a Europa, China, Índia e Brasil.
No caso da empresa, que foi analisado, a principal ação é o Projeto de Alimentação Escolar da ONU, denominado Programa Twinning. De acordo com a pesquisa realizada por Pereira, a motivação inicial para a parceria era puramente filantrópica. A intenção da empresa era estabelecer ações de responsabilidade social nas quais a empresa se via como doadora. “Mas, aos poucos, a relação foi evoluindo para ações mais estratégicas, e a empresa começou a perceber a possibilidade de ganhos para além da imagem filantrópica”, afirma a autora do estudo.
Desde 2010, o responsável pelo Programa Twinning na sede da empresa analisada, na Holanda, reformulou a parceria, abrindo novas possibilidades de prestação de serviços logístico para a WFP e de desenvolvimento de competências para a empresa estudada. Além de campanhas de doações, a empresa enfrentou o desafio de entregar alimentos em regiões de conflitos ou com infraestrutura precária. Assim, os funcionários desenvolveram competências em movimentação e armazenagem. A autora destaca que houve também o desenvolvimento de competências de gestão organizacional, tais como coordenação e planejamento.
Outro importante ganho decorrente da parceria é a maior visibilidade da organização em nível internacional, bem como a formação de uma rede com organizações de diferentes setores, governamentais, locais e também de relações públicas. Além disso, o envolvimento com o WFP também tem aumentado o comprometimento dos funcionários com a empresa, resultando em uma menor rotatividade de mão de obra, além da redução de custos correspondente, e na retenção de conhecimento na empresa.
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Conheça as pesquisas realizadas pela professora Susana Carla Farias Pereira.