Avaliando a Inclusão Financeira dos Correspondentes Bancários

Autor(es): 

Felipe Zambaldi

Ano: 

2011

Artigo em foco: Integração de Serviços de Correspondentes Bancários e Inclusão Financeira – A Realidade Brasileira
 
Enquanto em países da Ásia e da África, a telefonia móvel tem sido um instrumento importante para as pessoas acessarem serviços bancários sem utilizar agências, na América Latina, principalmente no Brasil, são os correspondentes bancários quem têm um papel relevante no processo de inclusão financeira. Neste modelo o banco contrata um varejista local para oferecer em seu nome serviços financeiros, tais como pagamentos, abertura de contas, depósitos, transferências, saques, empréstimos e benefícios sociais de programas governamentais, como a Bolsa Família, por exemplo.
 
Os correspondentes bancários têm origem nos anos 1990, quando as empresas começaram a atuar, em nome de bancos como “redes de coleta” em redes varejistas. Este tipo de serviço surgiu em regiões pouco abastecidas com agências e foi rapidamente adotado pela população de baixa renda para pagamento de serviços como, tais como contas de água e de luz.
 
Também contribuíram para o desenvolvimento dos correspondentes bancários os programas de transferências de rendas implementados pelo governo federal, que incentivaram os intermediários de serviços bancários a levar benefícios sociais à população. Outro movimento que levou a expansão ocorreu na década passada, com a estratégia dos bancos de delegar atividades para integradores de redes terceirizados responsáveis pelo intermédio entre bancos e correspondentes. Os correspondentes bancários têm hoje um papel relevante. Sua rede de cerca de 110 mil prestadores de serviços atendem ao redor de 40 milhões de pessoas, principalmente nas regiões mais pobres do país.
 
Devido à importância deste modelo, surgiu uma ampla literatura sobre este canal inovador. No entanto, as pesquisas se restringem a investigar alcance, cobertura, quantidade de transações e volumes financeiros envolvidos nas operações realizadas pelos correspondentes bancários. A proposta do artigo “Integração de Serviços de Correspondentes Bancários e Inclusão Financeira: a Realidade Brasileira” é identificar quais configurações de correspondentes bancários são mais eficientes para promover a inclusão financeira da população. “Analisamos estatisticamente como as diferentes configurações de redes em termos de terceirização de atividades e propensão a oferecer ampla variedade de serviços se relacionam com o tamanho de suas operações”, afirma o autor, Felipe Zambaldi.
 
Com foco na relação entre as diferentes configurações dos serviços bancários oferecidos e a variedade e alcance de suas operações, foi realizada uma pesquisa com 250 correspondentes. Selecionados por amostragem probabilística, os agentes responderam a um questionário, no qual as principais variáveis referiam-se a operações executadas pelos correspondentes como saques de contas bancárias e benefícios de programas sociais; depósitos em contas correntes; pagamento de faturas, utilitários e impostos; recarga de crédito para telefonia móvel pré-paga; e consulta de saldos e demonstrações bancárias.
 
O propósito desta analise foi identificar as diferenças entre escopo e escala relacionados às classes de integração de rede de processos de negócios e atividades técnicas e logísticas. Inicialmente os 250 correspondentes foram classificados em três grupos: primeira classe (terceirização total de atividades) com três correspondentes; segunda classe (terceirização parcial de atividades), com 122 correspondentes; e terceira classe (nenhuma terceirização) com 125 correspondentes.
 
A pesquisa constatou que nenhum dos entrevistados executa abertura de contas regularmente, assim como nenhum dos entrevistados concede serviços como crédito ou seguros. Serviços bancários convencionais, entrega de benefícios sociais e pagamento de impostos só são desempenhados por correspondentes da terceira classe. Os correspondentes da primeira e da segunda classe restringem seus serviços a pagamentos de faturas e contas e compra de créditos para telefones móveis pré-pagos.
 
O autor destaca que há uma variação significativa no número de transações realizadas pelos agentes, o que seria um reflexo das diferenças regionais em termos de dinâmica econômica. O artigo também mostra que os correspondentes da primeira e segunda classe focam suas atividades em pagamento de faturas e serviços de utilidade pública e recarga de crédito de telefonia móvel. Já os da terceira classe desempenham transações voltadas para transferências sociais, depósitos, saques e pagamento de impostos. “Os resultados reforçam que as iniciativas de inclusão financeira são determinadas por custos de transação e, consequentemente, encontram significantes limitações para expansão...”, finaliza Zambaldi
 
Entre em contato com o professor Felipe Zambaldi.
 
Conheça as pesquisas realizadas pelo professor Felipe Zambaldi.