Analisando falhas estruturais nos pilares da Administração

Autor(es): 

Phokion Sotirios Georgiou

Ano: 

2013

Artigo em foco: A blast at the past: an inquiry into Herbert Simon’s arguments against the principles
 
Em 1946, o economista, sociólogo, cientista político e psicólogo norte-americano Herbert Alexander Simon publicou um artigo de grande impacto na revista Public Administration Review, intitulado “The proverbs of administration”. Era uma crítica feroz à visão clássica da gestão baseada nos princípios estipulados pelo industrial francês Henri Fayol: divisão do trabalho, disciplina, unidade de comando, ordem e hierarquia.
 
Simon atacava particularmente o influente trabalho de Luther Gulick. Este último era, nos anos ‘30, membro do Brownlow Committee, cujos membros, selecionados a mão pelo presidente Franklin D. Roosevelt, prepararam uma série de recomendações estruturais de gestão racionalizada para o governo federal. Destas recomendações surgiu o livro Papers on the Science of Administration que Gulick editou junto com o britânico Lyndall Urwick. O primeiro artigo colecionado neste livro é de Gulick, titulado “Notes on the Theory of Administration”, artigo considerado clássico nos anais da história de administração. Foi este artigo que Simon atacou.
 
De acordo com Ion Georgiou, professor da FGV-EAESP, a maioria dos estudiosos em gestão apoiou e tem apoiado a investida de Simon contra Gulick. Simon foi um dos fundadores de uma nova linha de estudos, predominante desde então, centrada no comportamento organizacional, e foi também o criador do termo “racionalidade limitada”, muito utilizado até hoje. Ele inovou ao afirmar que é impossível para o ser humano conhecer todas as alternativas e consequências para uma decisão e maximizar os resultados.
 
No artigo “A blast at the past: an inquiry into Herbert Simon’s arguments against the principles”, publicado na revista Public Administration, o professor da FGV-EAESP não se contrapõe às ideias lançadas por Simon, da “racionalidade limitada” e do estudo comportamental da gestão. O que Georgiou pondera é que a crítica de Simon a Gulick foi baseada em argumentos falhos ou que não elucidaram realmente os problemas da teoria estruturalista, baseada em princípios e na criação de sistemas.
 
Por exemplo, Simon ataca a ideia de Gulick de que um subordinado deve receber ordens de apenas um chefe e argumenta que, na realidade, as decisões são mais apuradas quando influenciadas por múltiplas fontes. Defende Georgiou que Gulick, quando escreveu sobre “unidades de comando”, não tratava de analisar como as decisões são formadas, e sim como são comunicadas aos subordinados após terem sido tomadas. Portanto, na avaliação de Georgiou, a argumentação de Simon está deslocada.
 
Para Georgiou, é importante não desmerecer as contribuições nem de Gulick nem de Simon, e sim considerar que ambas as perspectivas podem ser trabalhadas na gestão. “Parece lógico que as pesquisas em Administração devam levar em conta tanto as estruturas de desenho organizacional dentro das quais a gestão é realizada como as cognições que dão origem a práticas observáveis”, afirma. 
 
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