ABERTURA DE CAPITAL DAS EMPRESAS BRASILEIRAS: MOTIVAÇÃO NA ABERTURA DE CAPITAL E PERFORMANCE DE CURTO PRAZO DAS IPO’S

Autor(es): 

Danilo Nakazora Tamura - Orientador: Prof. William Eid Jr.

Ano: 

2005

[INTRODUÇÃO] O estudo investiga se existe alguma relação entre o número de empresas que decidem abrir seu capital em determinados trimestres e algum outro indicador macroeconômico, o que dá condições de identificar uma situação em que as empresas brasileiras estariam mais propensas a decidir pela abertura de capital. Trata-se de um assunto muito pouco estudo e pouco aprofundado no Brasil, enquanto, no exterior, existem vários estudos que procuram identificar quais são os principais determinantes da abertura de capital, já que é um assunto que interessa a  investidores, agentes reguladores e stakeholders, especialmente em momentos em que grandes e relevantes empresas brasileiras, antes familiares, decidem pela abertura de seu capital. [METODOLOGIA] A metodologia utilizada foi bastante simples: a ferramenta estatística de correlação de Pearson, que possibilita verificar se existe correlação entre duas variáveis, a partir de um número razoável de observações. No caso deste estudo, foi identificada a correlação entre o número de empresas que decidiram abrir o capital em cada trimestre entre 1995 e 2004 com alguns índices macroeconômicos representativos da economia e do mercado financeiro no Brasil. E, através da identificação do nível de correlação foi possível verificar qual a relação de uma variável com outras. Para tanto, os dados utilizados foram coletados junto a órgãos oficiais: IBGE, Banco Central, Bolsa de Valores de São Paulo e Comissão de Valores Mobiliários. [RESULTADOS] Os resultados dos cálculos foram que há alguns índices bastante correlacionados com o número de empresas que decidiram abrir o capital: o Produto Interno Bruto, em dólares; o Volume Total Negociado em Bolsa, em dólares; o Total de Operações de Crédito e Empréstimos do Sistema Financeiro Nacional, em dólares; e, de forma inversamente proporcional, a taxa de câmbio oficial, a Ptax. Além disso, os cálculos mostraram que o desempenho da Bolsa de Valores de São Paulo, a única bolsa do Brasil, teve uma correlação apenas moderada com a decisão de abrir o capital. [CONCLUSÕES] Através da análise dos resultados obtidos, identificou-se que a situação em que um maior número de empresas decidiu abrir o capital é a seguinte: (1) situação econômica favorável, e, portanto, uma boa perspectiva para o futuro, ou seja, um momento em que o otimismo do mercado garante uma procura pelas ações que vierem a ser lançadas com a abertura de capital; (2) grandes quantidades de recursos financeiros estejam disponíveis e sendo negociados, o que garante que a abertura de capital gerará uma captação significativa para a empresa; (3) situação cambial favorável a uma maior captação em moeda forte, o que garante que, com a mesma quantidade de moeda nacional, a captação seja maior em moeda estrangeira. Além disso, observou-se que o mercado secundário, representado pela Bovespa, não se mostrou um fator fortemente relacionado com a decisão de abertura de capital, até pelo fato de o mercado financeiro brasileiro ainda ser bastante subdesenvolvido. O estudo, pelo fato de ter utilizado uma metodologia bastante simplificada não apresenta resultados definitivos e abre espaço para pesquisas mais aprofundadas e técnicas e metodologias mais apuradas para o estudo do tema.

Departamento: 

CFC