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Livro em foco: Brazilian Multinationals – Competences for Internationalization
O número de multinacionais brasileiras cresceu significativamente desde o início dos anos 1990, e particularmente depois do ano 2000. Várias delas são hoje reconhecidas como líderes globais: Embraer, Companhia Vale do Rio Doce, Petrobras, Gerdau, entre outras. Mas a internacionalização das empresas brasileiras faz parte de um fenômeno mais amplo, no qual as multinacionais dos países emergentes passam a ter um papel cada vez mais importante na economia mundial.
Entender esse processo é o objetivo principal dos pesquisadores Afonso Fleury, chefe do Departamento de Engenharia de Produção da Escola Politécnica da USP, e Maria Tereza Leme Fleury, professora em estratégia internacional e diretora da FGV-EAESP. No livro Multinacionais brasileiras: competências para a internacionalização, publicado em 2012 pela Editora FGV, a partir da edição original em inglês publicada em 2011 pela Cambridge University Press, os autores procuram compreender essa terceira onda de internacionalização, que seguiu a primeira onda, liderada pelas multinacionais americanas (década de 1950), e a segunda, encabeçada pelas japonesas (década de 1980).
O primeiro ano no qual a revista Forbes passou a incluir empresas de países emergentes entre as 500 maiores do mundo foi 2005. Se forem consideradas somente as empresas do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), elas eram vinte e sete em 2005, trinta e cinco em 2006, trinta e nove em 2007, quarenta e seis em 2008 e cinquenta e seis em 2009.
Outras instituições passaram também a mapear a ascensão das multinacionais dos países emergentes. O Boston Consulting Group criou um relatório anual listando os “100 novos desafiantes globais”, o qual em 2009 incluía trinta e seis empresas chinesas, vinte indianas, catorze brasileiras,sete do México, seis da Rússia e as demais de vários outros países emergentes. “Esses números revelam um primeiro panorama do grupo de empresas que eram consideradas retardatárias e que começam a despontar como lideranças em diferentes tipos de setores econômicos no plano global”,dizem os pesquisadores.
Na economia global atual, as multinacionais de países emergentes atuam mais em nichos, liderando vários setores, como: mineração (Vale, do Brasil), aço (Arcelor-Mittal, da Índia), bebidas(AB-Inbev, do Brasil e da Bélgica, e SAB-Miller, da África do Sul), petróleo e gás (Gazprom, da Rússia), e cimento (Cemex, do México), entre outros. Em alguns casos, determinados setores em países desenvolvidos são controlados por empresas baseadas em países emergentes. Tenaris, da Argentina, e Gerdau, do Brasil, por exemplo, são os maiores produtores de tubos de aço para a indústria da construção civil dos EUA.
Afonso e Maria Tereza Leme Fleury analisam essa conquista de espaço por parte de companhias dos mercados emergentes, e particularmente do Brasil, a partir do contexto de oportunidades e ameaças que surgem no contexto internacional, assim como da capacidade das empresas de a elas se antecipar e reagir. Essa capacidade, por sua vez, decorre das competências organizacionais e do estilo gerencial desenvolvidos pelas empresas. As competências organizacionais têm relação direta com o ambiente competitivo da empresa, enquanto o estilo gerencial é primariamente influenciado pelo ambiente local e nacional.
O contexto internacional mudou no início dos anos 2000. Em termos de paridade de poder de compra (PPC), os países emergentes, desde 2002, vêm sendo os maiores impulsores da economia mundial, explicando cerca de dois terços de seu crescimento. Em estudos realizados antes da crise financeira de 2008, o FMI previa que as economias avançadas deveriam crescer 1,3% em 2008 e 2009, enquanto que as economias emergentes cresceriam 6,7%.
Se as previsões estivessem corretas, as economias emergentes e em desenvolvimento seriam aquelas que iriam sustentar a expansão global nos anos vindouros. Nesse cenário, as economias em desenvolvimento foram responsáveis por 13% do investimento direto no exterior global (dado de 2005). Em 1990, essa proporção era de apenas 7%.
Mais recentemente, há sinais de que a participação do Brasil no crescimento de multinacionais de países emergentes vem aumentando. Segundo a consultoria Ernst & Young, as grandes empresas brasileiras melhoraram sua posição no ranking das 300 maiores empresas do mundo. Em 2012 estima-se que existam em torno de 150 multinacionais brasileiras em atuação.
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