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Artigo em Foco: Estudo Sobre as Decisões de Financiamento das Pequenas e Médias Empresas Brasileiras
O artigo “Estudo sobre as decisões de financiamento das pequenas e médias empresas brasileiras“ investiga o comportamento das companhias quando tomam uma decisão financeira, verificando se há um padrão comum entre elas ou se é possível detectar alguma particularidade setorial. A análise foi feita com base em uma amostra de 10 mil companhias de pequeno e médio portes, verificando seus demonstrativos financeiros ao longo de 12 anos.
Dividida em três partes, a pesquisa verifica as relações entre características das empresas e a decisão de (i) endividamento geral; (ii) endividamento de curto prazo e (iii) endividamento de longo prazo. As características das empresas consideradas foram: rentabilidade, tangibilidade, tamanho da empresa, investimento em ativos imobilizados, caixa, rentabilidade dos dividendos e tempo.
As três análises realizadas detectaram uma relação negativa entre decisão de endividamento e rentabilidade. Esse achado indica que, quando decidem pelo financiamento, as empresas são coerentes com a teoria do pecking order, pois, quando querem se financiar, primeiramente optam pela retenção de lucros, utilizando menos recursos de terceiros e capitais novos dos acionistas. Assim, as empresas mais rentáveis tendem a ser menos endividadas.
Já a variável tangibilidade, que mede a proporção de ativos fixos em relação ao ativo total da empresa, apresentou resultados diferentes para as análises de curto e de longo prazo. Se a empresa apresenta um maior peso de ativos fixos em sua estrutura, ela consegue, com maior facilidade, captar recursos de longo prazo. Como essas companhias têm acesso a financiamentos de longo prazo com custos menores, pois podem oferecer mais ativos como garantia, elas tendem a ter um volume menor de dívidas de curto prazo, que são mais onerosas.
A variável de tamanho apresentou resultados diferentes, conforme a variável dependente. Para o endividamento geral, o tamanho da empresa influencia positivamente a capacidade de captação de recursos de terceiros. Já o endividamento de longo prazo apresentou um coeficiente negativo, o que pode indicar que as empresas maiores não necessitem de captação de recursos de terceiros de longo prazo. Para o curto prazo, os resultados da pesquisa não foram significantes.
A relação do endividamento com a variável de investimentos em imobilizado apresentou sinal positivo nas estimações, mas não significante na análise de longo prazo. Em geral, o sinal apresentou-se positivo, o que indica que as empresas tendem a captar mais recursos de terceiros quando realizam mais investimentos.
Por outro lado, a variável de caixa apresentou sinal negativo e significante nas três análises. As empresas tendem a se endividar mais quando cai o nível de caixa.
A variável de dividendos mostrou-se significante apenas em relação ao modelo de endividamento geral, indicando aumento do endividamento quando diminuem seu nível de pagamento de dividendos, o que pode demonstrar que as empresas diminuem os dividendos distribuídos e contraem endividamentos para fazer novos investimentos ou para lidar com situações de maior estresse financeiro.
Por fim, a variável tempo mostrou-se significante no modelo, o que indica que as condições macroeconômicas são fundamentais para explicar o endividamento das empresas em geral, seja no curto ou no longo prazo.
Segundo os autores, a pesquisa pode, ainda, ser expandida para a análise de outros aspectos das decisões financeiras das pequenas e médias empresas, de modo que se comece a estudar mais aprofundadamente esse grupo de empresas tão representativo para a economia.
Entre em contato com a professora Claudia Emiko Yoshinaga.
Conheça as pesquisas realizadas pela professora Claudia Emiko Yoshinaga.