Vantagens Competitivas dos Bancos Alternativos: Lições da Europa

Autor(es): 

Kurt Von Mettenheim e Olivier Butzbach

Ano: 

2012

Artigo em Foco: Alternative Banking: Theory and Evidence from Europe
 
Com estratégias voltadas para o longo prazo, apresentando lucro sustentável, governança participativa e, em alguns casos, atuando como instrumentos de políticas públicas, os bancos alternativos englobam, principalmente, cooperativas de crédito, bancos de poupança, sociedades de garantia de crédito e bancos de desenvolvimento.
 
Suas características diferem das dos bancos privados, cujas estratégias visam à maximização dos lucros para satisfazer os acionistas, o que, muitas vezes, pode levar à adoção de ações inescrupulosas de marketing e à realização de operações de alto risco.
 
A proposta do artigo “Alternative banking: theory and evidence from Europe”, de Kurt von Mentenheim e Olivier Butzbach, é explicar por que os bancos alternativos apresentam um desempenho superior ao dos bancos privados.
 
Os autores lembram que as reformas liberalizantes do mercado financeiro, implementadas a partir dos anos 1980, aliadas à revolução da tecnologia da informação (TI), provocaram o acirramento da concorrência entre os bancos, o que levou à consolidação do setor, por meio de fusões e aquisições. Nesse ambiente, os bancos alternativos europeus adotaram uma série de estratégias para se tornarem mais competitivos.
 
Os bancos cooperativos modernizaram-se, participaram de fusões para ganhar economia de escala e expandiram suas áreas de atacado para oferecer novos produtos e serviços a seus membros ou clientes. Os bancos de desenvolvimento da Alemanha e da França, por sua vez, também se modernizaram e buscaram capitais e parceiros para expandir suas políticas voltadas para incentivar o setor privado. Essas instituições continuaram funcionando como "bancos por detrás dos bancos", atuando na correção das falhas de mercado em relação às necessidades de financiamento do setor privado.
 
A superioridade dos bancos alternativos, em termos de custos, rentabilidade e gestão de riscos, é demonstrada por vários estudos. Algumas pesquisas, por exemplo, concluíram que os bancos de poupança europeus são tão rentáveis quanto os bancos comerciais. Outras pesquisas demonstraram que o segmento cooperativo sediado na França, na Itália e na Espanha é, em média, mais eficiente que o dos bancos comerciais desses países.
 
Para os autores, as evidências indicam que os bancos alternativos oferecem menos riscos, apresentam lucratividade mais estável ao longo do tempo e são menos expostos a problemas relacionados à inadimplência.
 
Suas fontes de vantagens competitivas são o menor custo de capital, custos mais baixos de agências bancárias, relacionamento e economias de escala, o fato de operarem com um horizonte de tempo mais longo e a capacidade de suavizar o risco intertemporal.
 
Possuir uma ampla rede de varejo minimiza pressões pela maximização dos lucros e proporciona uma base estável de depósitos e fontes mais baratas de capital. As instituições alternativas conseguem levantar fundos por meio da retenção de lucros (caso das cooperativas e dos bancos de poupança), de repasses (caso dos bancos de poupança e dos bancos de desenvolvimento) ou de emissões de obrigações. Com uma base mais segura de depósitos e juros menores, essas instituições oferecem, também, financiamentos com menor custo.
 
Os bancos alternativos ainda podem reter capital em níveis confortáveis de liquidez, o que proporcionou, por exemplo, uma “vantagem patrimonial” durante a adoção dos mecanismos estabelecidos pelos Acordos da Basileia.
 
No entanto, uma das principais vantagens dos bancos alternativos é a sua capacidade de suavizar o risco intertemporal. Aqueles de grande porte são capazes de acumular capital nos bons tempos para uso em tempos ruins. Eles possuem reservas técnicas para a gestão de risco. A confiança em relação aos bancos alternativos é fundamental. Os clientes tendem a retirar os depósitos de bancos privados durante crises bancárias. Frequentemente, nesses momentos, os depósitos em bancos alternativos tendem a crescer.
 
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