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Artigo em foco: Propensão dos Estudantes de Ciências Contábeis à Educação a Distância
A educação a distância vem se expandindo no Brasil. Desde 1996, quando a EaD foi instituída legalmente como modalidade de ensino, o número de estudantes em cursos de graduação a distância aumentou significativamente, ultrapassando um milhão em 2012. Segundo o Censo da Educação Superior, de 2011 a 2012, a EaD teve crescimento superior à educação presencial. Nesse período, a primeira teve aumento de 12% nas matrículas, enquanto a segunda alcançou a marca de 3%. E ainda há espaço para crescer, especialmente na rede pública. De acordo com o Censo, a modalidade ainda representa apenas 16% das matrículas no ensino superior, sendo a maior parte em instituições privadas.
Diante da crescente participação do EaD no ensino superior, a modalidade tem sido objeto de ampla discussão no meio educacional, dividindo opiniões. Os que a defendem destacam suas vantagens, como a eliminação de barreiras geográficas, a flexibilidade do horário para estudo e o ensino centrado no aluno. Já os que a criticam ressaltam as dificuldades na implementação e aceitação da EaD, o baixo reconhecimento dos cursos a distância, o sentimento de isolamento dos alunos e a falta de qualificação dos professores para dar aulas on-line. As dificuldades ressaltadas têm resultado em um alto nível de evasão. Soma-se a elas a imagem negativa que muitos estudantes têm dos cursos a distância, fruto do questionamento sobre a efetividade dessa modalidade em termos de aprendizado.
Nesse contexto controverso, Alberto Luiz Albertin, professor da FGV-EAESP, Edvalda Leal, professora da Universidade Federal de Uberlândia, Cassius Santos e Vicente Bruno Júnior, alunos de graduação e mestrado da mesma instituição, realizaram uma pesquisa para verificar a propensão dos alunos de Ciências Contáveis a estudarem as disciplinas do curso nas diferentes modalidades: presencial, semipresencial ou a distância. Por meio de um estudo quantitativo realizado com 264 estudantes em diferentes estágios dos cursos diurno e noturno, os autores constataram que os alunos têm baixa propensão a escolher a EaD como modalidade de ensino das disciplinas oferecidas. Na avaliação dos estudantes, apenas 9 das 54 disciplinas contidas na grade curricular poderiam ser cursadas nas modalidades presencial, semipresencial ou EaD, e, para as demais 45, eles preferem o curso presencial.
A pesquisa revelou que os alunos estão mais propensos a escolher a modalidade presencial para as disciplinas que tratam de temas específicos da área contábil. Isso confirma estudos anteriores, segundo os quais o conteúdo da disciplina impacta expressivamente a propensão dos alunos a participarem de cursos a distância. No caso de disciplinas optativas e das relacionadas a outras áreas de conhecimento, os alunos apresentam maior propensão para cursos na modalidade semipresencial ou EaD.
No entanto, quando se consideram os alunos que já tiveram alguma experiência com o ensino a distância – 25% da amostra –, a disposição para fazer disciplinas em outra modalidade que não a presencial é muito maior. Para esses estudantes, 37 das 54 disciplinas da estrutura curricular do curso de Ciências Contábeis poderiam ser ministradas nas modalidades semipresencial ou EaD. A experiência com EaD tem, portanto, efeito positivo sobre a percepção dessa modalidade.
A pesquisa buscou também entender os fatores que contribuem para a resistência à EaD. Nessa fase do estudo, os dados foram distribuídos em três grupos: resistência à EaD, competências em Tecnologia de Informação (TI) e atitudes favoráveis à TI. Discutir a familiaridade e interesse pelas ferramentas tecnológicas mostrou-se importante, na medida em que pesquisas anteriores atestaram que pouco conhecimento e pouca experiência com TI podem aumentar a resistência ao ensino a distância. Com base na análise realizada, os autores constataram que a resistência à EaD é a que mais se destaca, e os alunos reafirmam a necessidade de contato face a face com o professor e a preferência por aulas presenciais para aprendizado. Além disso, 64% dos alunos consideram a avaliação presencial mais confiável.
Quanto ao conhecimento em TI, observou-se que a maior parte dos alunos tem facilidade com computadores e experiência com a internet, ainda que não considerem seu conhecimento em informática avançado. Assim, percebeu-se uma atitude favorável em relação à TI, facilitando a adoção da EaD no curso. Para aumentar a propensão dos alunos a realizarem disciplinas a distância, os autores destacam a necessidade de ofertar cursos de qualidade e de oferecer incentivos para a adesão de novos alunos.
Entre em contato com o professor Alberto Luiz Albertin.
Conheça as pesquisas realizadas pelo professor Alberto Luiz Albertin.