A teoria do effectuation é alicerçada no processo de decisão do empreendedor, compreendendo um esforço para buscar um método capaz de o guiar na descoberta e realização de oportunidades. A lógica effectual subverte os modelos empreendedores tradicionais através do uso de princípios que, ao invés de buscarem prever o futuro, buscam a construção passo-a-passo deste, em um processo de co-criação entre o empreendedor e o ambiente, buscando o aprendizado constante pela interação sem se preocupar em reunir condições ideais para isto, e oferecendo uma via de controle neste processo. No centro dele, o ser humano com suas qualidades e imperfeições. É amplamente conhecido, em especial pela neurociência, que o processo decisório não é plenamente racional, sendo inerente ao mesmo diversas limitações. Dentre elas, o uso de heurísticas, ou atalhos mentais, que se por um lado tornam nossas decisões mais ágeis por simplificarem a realidade, por outro podem levar a erros de decisão, os vieses cognitivos, também amplamente discutidos na literatura de negócios e empreendedora. Este trabalho argumenta que a teoria do effectuation, ao propor “regras de bolso” que servem para guiar o processo de decisão empreendedor, se utiliza de heurísticas que, como supracitado e demonstrado na literatura sobre microfundamentos, afetam o resultado final do processo emprendedor. A investigação proposta nesta tese objetiva compreender como a escolha do uso de heurísticas através da lógica de ação e decisão do empreendedor afeta a incidência de vieses cognitivos, buscando discutir de que forma estes afetam o resultado final contribuindo para o sucesso ou não do empreendimento. O trabalho contribui com o avanço da teoria, dando atenção ao ainda incipiente campo dos microfundamentos associados à lógica de decisão empreendedora e suas consequências, buscando compreender se, assim como é possível inferir heurísticas, ou regras de bolso, que corroborem com o processo empreendedor, é possível encontrar futuramente uma lógica de erros e benefícios associados ao uso de cada um dos processos polares propostos na teoria do effectuation e validar de forma empírica algumas de suas premissas. Os testes empíricos foram aplicados em empreendedores reais e buscaram encontrar possíveis relações entre as heurísticas sugeridas pela teoria efectual, a incidência de viéses cognitivos e variáveis descritas na literatura como importantes na busca destas. Os resultados mostram que parte ds hipóteses foram aceitas, e portanto há relação entre o uso de heuristicas e vieses cognitivos, com destaque para a relação entre vieses de controle e o uso de heurísticas causais.