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[INTRODUÇÃO] Com a grande renovação política ocorrida, principalmente, no legislativo federal de 47,3% na Câmara dos Deputados e de 87% no Senado Federal, veio uma série de questões relacionadas aos ditos “movimentos de renovação política”. Após as grandes manifestações de 2013 e a polarização do debate público com a Operação Lava Jato, houve uma grande proliferação desses movimentos. Eles inundaram o debate público, principalmente nas eleições de 2018, com o discurso de mudança e combatendo a “velha política”. Busca-se com essa pesquisa tentar compreender esse fenômeno dos movimentos de renovação política por quem a faz e por quem a observa. [METODOLOGIA] Este trabalho é um trabalho exploratório e tem como objetivo compreender o fenômeno da renovação política por quem faz e por quem a observa. Por ser um tema novo, o trabalho exploratório teve que ter uma abordagem de compreender o fenômeno dos movimentos e da renovação política como um todo, ao invés de se optar por um estudo mais focalizado em um ou outro movimento. Optou-se por fazer um trabalho qualitativo que utiliza-se de entrevistas diretas semiestruturadas e a análise documental. As fontes documentais advêm de veículos da mídia, especialmente a escrita e a On-line (Jornais Folha de São Paulo, Estado de São Paulo dentre outros), sites das redes sociais dos movimentos e entrevistas concedidas por representantes dos movimentos. [RESULTADOS] Ao analisar as fontes documentais e as entrevistas, foi possível constatar algumas questões: os movimentos de renovação política foram iniciativas de pessoas, que detinham alto capital econômico e alto nível educacional, que observaram uma janela de oportunidade para criar organizações que pudessem melhorar a qualidade dos representantes e influenciar o debate público. Essas organizações prezam pela pluralidade de ideias e pessoas como forma de “despolarização”. Entendem renovação política como a tríade pessoas-princípios-práticas, onde “novas pessoas, trazem novos princípios que acarretam em novas práticas”. É possível criar uma tipologia para os movimentos de renovação política com base em suas atuações. Existem as escolas de candidatos, cujo objetivo é a formação e qualificação de novos quadros e os movimentos de mobilização, cujo objetivo é mobilizar a sociedade seja para o debate de uma agenda de políticas públicas seja para o engajamento de seus membros para realizar ações tanto presenciais quanto virtuais. [CONCLUSÃO] É possível concluir que os movimentos de renovação política surgiram para ocupar um espaço que os partidos políticos deixaram de atuar: a formação e capacitação de quadros para ocupar posições de lideranças no setor público. Foram influenciados pela polarização e radicalização do debate público, principalmente a partir do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, e buscam a pluralidade dentro de suas organizações para reverter esse quadro. Como se tornaram players da política institucional quando seus integrantes tomaram posse nos mandatos em 2019, os movimentos de renovação política ainda são muito novos para se fazer a análise se são realmente renovação, ou se utilizam das mesmas práticas.