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[INTRODUÇÃO] Os estudos relacionados a estratégia política possuem vertentes difusas devido aos inúmeros cenários alternativos que cercam a relação entre firmas e governos. Há na academia uma vasta produção de artigos relacionados ao tema como: teoria de grupos de interesse, teoria da escolha pública, teoria dos custos de transição, dependência de recursos que buscam explicar o fenômeno por perspectivas distintas (GETZ, 2002). Para o desenvolvimento do trabalho foi-se adotado como abordagem teórica a análise de como são constituídas as relações entre empresas-governo (HILLMAN; HITT, 1999) e quem são os agentes que fazem parte dessas articulações (FACCIO, 2006). O objetivo do trabalho visa identificar e compreender por meio do referencial teórico e análise dos dados, quais foram os mecanismos de atividade política corporativa utilizados pelas empresas para assim buscarem mitigarem seus custos e adquirirem benefícios por meio do governo brasileiro. [METODOLOGIA] Para a análise de como se deu a escolha dos setores que compuseram a política das Campeãs Nacionais influenciada por mecanismos de atividade política corporativa, buscou-se selecionar as cinco maiores empresas nacionais em receita líquida com participação do Estado como acionista minoritário, seja através do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) ou fundos de pensão estatais, descritas na lista “Valor 1000” 2017 do jornal Valor Econômico. O tratamento dos dados foi realizado por meio do software Atlas T.I, que gerencia dados qualitativos permitindo extrair dados não estruturados. Para a elaboração da rede foi feito o download das 158 notícias encontradas, salvas no Atlas T.I e separadas em pastas por anos. Todas as matérias foram lidas novamente e passaram pelo processo de codificação, que se refere a extração de palavras ou citações com algum grau de combinação entre os agentes analisados. [RESULTADOS] Através da leitura das notícias foram obtidos 24 códigos, estes representando conexões que pudessem explicar o fenômeno estudado. Após a análise individual dos códigos, foram selecionados aqueles que mais se aplicam na busca de responder como se deu a escolha dos setores das campeãs nacionais influenciada por mecanismos de atividade política corporativa, sendo eles: “benefícios pouco claros”; “conexões políticas”; “doação de campanhas”; “estratégia governamental”; “fortalecimento de empresas brasileiras”; “grupos empresariais”; e “tipos de financiamento”; Com a elaboração da rede foi possível identificar como principal relação entre as cinco empresas e o governo, o recebimento de benefícios poucos claros que o governo provia as firmas, sendo estes, injeção de capital financeiro estatal ou mudanças regulatórias. Esses benefícios se consolidavam em uma relação recíproca entre os agentes envolvidos, deste modo, por meio de conexões políticas havia aproximação de empresários com alto escalão do executivo, legislativo estadual e federal, essa ponte por sua vez, firmava o estabelecimento de favores como doações de campanha em troca de tratamento diferenciado em comparação com outras firmas atuantes no mercado. [CONCLUSÃO] As hipóteses encontradas indicam que os benefícios concedidos pelo governo as empresas foram pouco claros, visto que, não eram baseados em resultados, mas em táticas que algumas firmas utilizavam para garanti-los. Ressalta-se que esse comportamento fora encontrado em todos os anos de análise, ou seja, de 2007 a 2014, podendo sinalizar a efetividade de manter conexões políticas e doações a campanhas eleitorais. Nesse sentido, o estudo pode contribuir na compreensão do processo da política de “Campeãs Nacionais” e desta maneira, auxiliar na explicação dos resultados da política em investigações posteriores.