Curso:
- CDAPG
Área de conhecimento:
- Políticas Públicas
Autor(es):
- Adriano Borges Costa
Orientador:
Ano:
Quando a cidade se expande, o que veio primeiro, transporte ou desenvolvimento urbano? Transporte pode ser usado para promover mudanças urbanas? Que tipo de mudanças no ambiente construído podemos esperar dos investimentos em transporte? Transporte é um fator crítico ao se explicar a morfologia de uma área urbana. Ao mesmo tempo que aspectos históricos de transporte podem determinar a forma das cidades, novos investimentos também têm o potencial de alterar o ambiente construído ao redor. O estudo da forma urbana e do transporte urbano é um dos elementos que unem os dois ensaios empíricos que compõem esta tese. Outro aspecto que se repete entre os capítulos deste manuscrito é a análise empírica baseada em São Paulo. Na literatura sobre o desenvolvimento urbano da cidade São Paulo, faltam resultados empíricos que evidenciem a conexão entre o desenvolvimento do transporte rodoviário e da expansão urbana periférica na cidade. No Capítulo 1, usamos modelos de causalidade de Granger e dados históricos sobre transporte e desenvolvimento urbano para medir o co-desenvolvimento desses fatores na cidade entre 1881 e 2013. Os resultados confirmam a hipótese da literatura ao mostrar que a expansão urbana seguiu a implantação do transporte rodoviário, mas esse fenômeno também avançou na direção oposta, com expansão urbana puxando a construção de novas ruas e avenidas. Exploramos como as decisões tomadas na década de 1930 priorizaram o desenvolvimento rodoviário em vez do transporte de massa, que depois disso não foi mais capaz de acompanhar a expansão urbana de São Paulo. No entanto, encontramos evidências de que os investimentos em transporte de massa têm sido historicamente seguidos por significativo adensamento de edificações em áreas adjacentes. No Capítulo 2, desenvolvemos uma análise empírica de curto prazo usando uma gama mais ampla de variáveis para explorar como investimentos recentes em transporte de média e alta capacidade estão alterando regiões paulistanas, com atenção especial a áreas periféricas. Desde a década de 1980, a condição urbana de muitas áreas periféricas melhorou significativamente, e famílias de renda média estão mudando para algumas dessas “periferias melhoradas”. Usamos dados socioeconômicos altamente desagregados espacialmente para 2000 e 2010 e o método econométrico de diferenças-em-diferenças para avaliar o impacto de novos corredores de ônibus, linhas de metrô e estações de trem construídos no início dos anos 2000. Nossos resultados mostram que os ganhos de acessibilidade gerados por essas infraestruturas de transporte público atraíram novos projetos imobiliários, aumentaram o número de empregos per capita e levaram a uma melhor cobertura de alguns serviços públicos nas áreas periféricas vizinhas, contribuindo para sua consolidação urbana. Esse resultado, somado aos mencionados achados históricos, revela o potencial que investimentos em transportes têm para alterar o ambiente construído, seja estimulando a expansão urbana periférica, induzindo adensamento ou contribuindo para a consolidação urbana. O uso de investimentos em transporte público para induzir transformações urbanas recebe mais atenção na medida em que o conceito de desenvolvimento orientado ao transporte sustentável (DOTS) atrai mais adeptos e fica evidente que os planos de transporte e uso do solo urbano devem ser integrados. Os fatores estão inter-relacionados e intervenções públicas coordenadas têm o potencial de produzir resultados sinérgicos. No entanto, investimentos em transporte coletivo estão entre as políticas urbanas mais complexas e apresentam desafios específicos para estudos de políticas públicas, principalmente relacionados à coordenação intra e interfederativa em sua implementação.