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Pesquisa em foco: Impacto dos desastres naturais em cadeias de suprimentos no Brasil
Apesar de a escassez de água ocorrida em São Paulo afetar todos os negócios, os gestores de cadeias como café, cana e laranja não fazem nada para enfrentar os riscos.
Objetivo: Investigar como organizações de cadeias de suprimentos têm se preparado para crises hídricas como a ocorrida em São Paulo entre 2014 e 2015.
Raio X da pesquisa
• Estudos de caso em três cadeias de alimentos: café, cana-de-açúcar e laranja.
• Realização de 16 entrevistas em profundidade com produtores, processadores e indústria de alimentos, varejo e governo.
Resultados
• Entrevistados de todos os elos da cadeia afirmam que tiveram perdas com a crise hídrica. O maior prejuízo foi uma redução de 20% a 30% nas colheitas, e perda de qualidade. Produtores rurais também mencionaram impactos indiretos, como aumento de custo de energia e paralisação dos investimentos. Mas eles não têm tomado medidas como irrigar as terras, porque consideram o risco baixo e o custo alto.
• Apesar de todos os entrevistados reconhecerem os prejuízos da crise hídrica, apenas um quarto deles demonstrou preocupação com futuras crises. Para a maior parte, estiagens e mudanças climáticas não são importantes fontes de riscos para seus negócios.
• Empresas próximas ao cliente final, como uma cadeia de fast-food pesquisada, montaram estratégias mitigadoras para escassez de água, mas apenas quando o governo anunciou que implementaria um sistema de racionamento em São Paulo. Outro aspecto é que esse conhecimento não foi repassado para os elos mais fracos da cadeia.
• Fatores que influenciam positivamente estratégias mitigadoras de risco são o acesso à informação real sobre a situa- ção climática e experiências negativas. Por outro lado, as empresas não se preparam para essa fonte de risco por três motivos: percebem o País como uma fonte infinita de recursos naturais, consideram que são mais vulneráveis a outras categorias de risco e os custos de mitigação são muito altos.
O que há de novo
• Cadeias de suprimentos sofrem impactos das mudanças climáticas. No entanto, seus gestores ainda não percebem os desastres naturais como um risco para suas operações. Não pretendem tomar ações de mitigação de riscos, porque não sabem o que fazer e também não se sentem responsáveis por fazer algo.
• Há necessidade de educar as diferentes empresas no Brasil para conscientizá-las das mudanças climáticas e seus potenciais efeitos para as operações de modo a permitir a adaptação às novas condições de temperatura.
Entre em contato com a professora Priscila Laczynski de Souza Miguel
Conheça as pesquisas realizadas pela professora Priscila Laczynski de Souza Miguel