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Pesquisa em foco: Assédio moral na academia
É comum instituições de ensino com uma cultura que aceita, ou mesmo incentiva, práticas de descaso em relação aos docentes, que não desenvolvem bem suas lideranças e que têm poucos canais de comunicação para prevenção e tratamento do fenômeno.
Objetivo: Identificar e analisar as práticas de assédio moral no ambiente acadêmico e as condições organizacionais que favorecem a sua ocorrência.
Raio X da pesquisa
• Investigação de queixas de professores, registradas em seis processos trabalhistas, disponibilizados pelo SINPRO-SP.
• Realização de 17 entrevistas em profundidade com professores do curso de administração da cidade de São Paulo.
• Análise de conteúdo, com apoio do software NVivo.
Resultados
• Das 22 diferentes situações relatadas pelos 17 entrevistados, cinco não configuram assédio moral, principalmente por serem episódios pontuais. Há uma dificuldade em identificar o que é e o que não é assédio moral.
• O assédio moral envolveu tanto os que ocupam posições superiores hierárquicas, como diretores, reitores, orientadores e coordenadores de cursos, quanto, no sentido lateral - colegas e, em sentido ascendente, alunos e ex-alunos.
• As formas mais citadas de manifestações do assédio chamam atenção pela sutileza, como o isolamento, a ironia, a recusa de comunicação, o boicote de ideias, as chantagens e as ameaças veladas.
• As condições organizacionais percebidas pelos docentes parecem estar relacionadas à frequência e à variedade de suas interações profissionais, a uma cultura que aceita, respalda ou incentiva práticas de descaso e assédio em relação ao docente e à fragilidade ou inexistência de normas e processos para prevenção e tratamento deste fenômeno.
• O aluno é considerado, cada vez mais, cliente pelas instituições de ensino, o que tem efeitos perversos na relação entre todos os envolvidos.
• A exposição prolongada ao assédio moral afeta a saúde física e psíquica do docente e pode levá-lo a desistir da profissão.
O que há de novo
• O estudo mostra o assédio não apenas como uma relação pessoal entre assediador e assediado, mas como um problema organizacional que pode ser prevenido e combatido com elementos como canais de comunicação, normas transparentes, desenvolvimento de lideranças, atuação da área de gestão de pessoas e valorização do papel do professor.
• O estudo chama a atenção para a perda de talentos ou arrefecimento do desejo de continuar a lecionar em instituições que não combatem práticas recorrentes de assédio.
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