Autor(es):
Ano:
Pesquisa em foco: O estatuto do consumo na compreensão da lógica e das mutações do capitalismo
Cada vez mais, são os consumidores que dominam o processo de realização de valor capitalista, pois, em sites como o Google, são eles que, de certa forma, produzem as informações capazes de gerar lucro.
Objetivo: Compreender o papel central do consumo para o capitalismo.
Raio X da pesquisa
• Revisão de literatura acadêmica sobre a cultura do consumo.
• Análise das principais formas que assumiu o capitalismo contemporâneo e o lugar do consumo nesses novos formatos, a partir do pensamento dialético marxista.
Resultados
• A cultura de consumo está associada à Revolução Industrial, que gerou o excesso de produtos a serem vendidos, levando a transformações para a constituição de um modo de vida guiado pelo consumo.
• O escoamento do excesso de produção ocorreu por mudanças do lado do consumo: com o fim das estruturas sociais rígidas, começou a haver uma disposição psíquica para se acreditar que era possível “ser outra pessoa” comprando determinados produtos. Foi a cultura burguesa que passou a se apropriar dos objetos como uma forma de exteriorização de sentimentos e de localização no mundo.
• Nas três últimas décadas do século XX, com a lógica financeira tornando-se dominante no capitalismo, o consumo continuou como elemento central, pois o endividamento é nada mais que a antecipação do desejo de compra e a diminuição da lacuna temporal do giro de mercadorias e da realização do valor. Os métodos de financeirização da economia, também, procuram dar conta das contradições do capitalismo, contrabalançando o aumento da desigualdade com oportunidades novas pelo endividamento – o que acaba funcionando como uma penhora do futuro.
• Outra mudança recente foi, com a revolução informacional, a incorporação do trabalho imaterial, do saber como principal força de produção. Embaralham-se as relações entre trabalho e consumo. Por exemplo, usuários do site de busca Google, ao consumir informações, produzem valor, pois criam uma hierarquia de links que é utilizada para fins comerciais.
O que há de novo
• O artigo mostra como a importância da cultura de consumo é anterior à literatura acadêmica sobre o seu surgimento – que acabou enfatizando apenas os aspectos simbólicos do consumo, sem dar a devida importância ao seu lugar no processo de produção do valor.
• O artigo elucida as principais mutações na cultura de consumo que ocorreram a partir do final da década de 1970 e propõe que as duas principais formas que assumiu o capitalismo – o financeiro e o imaterial – operam fundamentalmente a partir do consumo.
• O artigo mostra que o consumo ganhou outra dimensão, ainda não explorada, em que a produção do novo trabalhador-consumidor obedece muito mais à lógica subjetiva do consumidor do que a do produtor.
Fale com a professora Isleide Arruda Fontenelle.
Conheça as pesquisas realizadas pela professora Isleide Arruda Fontenelle.